Qualquer possível escalada do conflito entre o grupo terrorista Hamas e Israel pode representar um grande risco para a economia global.
De acordo com a economista Pat Thaker, uma das diretoras da Economist Intelligence Unit, se o conflito aumentar, os preços de energia aumentariam e as principais rotas comerciais seriam “perturbadas”.
Houve diversos esforços diplomáticos de vários países, com a esperança de conter as consequências dos ataques de 7 de outubro a civis israelenses pelos terroristas do Hamas.
Todavia, o bombardeamento subsequente de Gaza por Israel, numa tentativa de eliminar o Hamas, aumentou o risco de repercussões para toda a região do Oriente Médio.
O presidente de Israel, Isaac Herzog, disse na terça-feira 24 que, embora o país não queira uma guerra com o grupo terrorista Hezbollah — que recentemente trocou tiros com as Forças Armadas israelenses no norte do país —, o Líbano “pagará o preço” se os dois países entrarem em conflito.
Os acontecimentos dos últimos dias aprofundaram ainda mais o receio por parte da economista norte-americana, que teme a expansão do conflito para outras áreas da região. Ela acredita que a guerra poderia representar uma ameaça no longo prazo para a oferta de energia globalmente, além de afetar as infraestruturas comerciais.
“Qualquer conflito no Oriente Médio provoca tremores em toda a economia mundial, porque a região é uma fornecedora muito importante de energia”, disse Pat, em entrevista à emissora de TV norte-americana CNBC. “Em segundo lugar, é a principal passagem marítima para o comércio global.”
Riscos do preço do petróleo e de rotas marítimas
O patamar dos preços do petróleo e o impacto na economia global serão diretamente proporcionais à forma como o conflito se expandirá geopoliticamente, explicou Pat.
A economista acrescentou que o mercado petrolífero já está apertado por causa da crise liderada pelos sauditas.
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Ela também lembrou que a guerra entre Israel e Hamas começou num momento de “enorme incerteza econômica”, devido à expansão da guerra na Ucrânia e a mudanças nas políticas monetárias bancos centrais.
“Para as economias que já estão em recessão ou se encaminham para a recessão, novos aumentos nas taxas de juros por parte do Federal Reserve (Banco Central dos EUA) e do Banco Central Europeu podem derrubá-las”, disse Pat.
“Estamos entrando nisso com um golpe duplo: os preços da energia estão mais altos novamente, mas também a inflação está sendo suavizada, embora não esteja caindo radicalmente, num momento em que as taxas de juros também são as mais altas que já vimos em vários anos”, acrescentou a economista.
Os preços do petróleo saltaram depois que o grupo terrorista Hamas lançou seu ataque-surpresa a Israel, antes de voltarem à “estabilidade”. Os derivativos futuros do petróleo brent ainda estavam sendo negociados por cerca de US$ 89 por barril no início do conflito.
No “cenário extremo” de uma escalada global do conflito, previu Pat, os mercados terão de enfrentar um brent (petróleo bruto) acima dos US$ 100 por barril, durante um período longo, o que “significa uma inflação global mais elevada e um crescimento econômico mais fraco” e “praticamente condições de recessão”.