Edifícios e hotéis de luxo estão afundando em Miami; veja lista

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Miami e divulgada na última sexta-feira, 13, revelou que diversos condomínios residenciais e hotéis de luxo em Miami estão afundando a taxas consideradas “inesperadas”.

Segundo o estudo, cerca de 70% das edificações em Sunny Isles foram afetadas, incluindo propriedades avaliadas em milhões de dólares.

“Quase todos os edifícios na costa estão afundando”, afirmou Falk Amelung, geofísico da Escola Rosenstiel de Ciências Marinhas, Atmosféricas e da Terra da Universidade de Miami, e autor principal do estudo, ao jornal norte-americano Miami Herald. “É muito.”

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Entre 2016 e 2023, 35 edifícios em áreas costeiras em Surfside, Bal Harbour, Miami Beach e Sunny Isles sofreram afundamentos de até 7,6 cm.

Entre os imóveis de luxo listados no estudo estão o Surf Club Towers, Faena Hotel, Porsche Design Tower, Trump Tower III e Ritz-Carlton Residences. Ainda não há conclusões sobre os impactos a longo prazo desses afundamentos.

O estudo utilizou 222 imagens dos satélites europeus Sentinel-1, que orbitam a 700 km acima da Terra, e empregou a técnica conhecida como “dispersores de radar persistentes”. A norma utiliza pontos fixos em estruturas como varandas, telhados e calçadões como referência para medir os deslocamentos por meio de sinais de radar refletidos de volta aos satélites.

“Temos agora um método baseado em satélite para monitorizar a estabilidade do solo em arranha-céus costeiros, o que pode contribuir para a monitorização da segurança nessa área”, explicou Antonio Nanni, professor de engenharia civil e arquitetônica da Faculdade de Engenharia da Universidade de Miami e coautor do estudo. “Embora as descobertas nem sempre forneçam respostas definitivas, satélites de maior resolução estão disponíveis para análises mais aprofundadas.”

“Os residentes e as autoridades devem ser informados sobre qualquer subsidência que ocorra nos seus edifícios e a taxa a que ocorre”, acrescentou.

Os pesquisadores identificaram que o solo de Miami é composto de calcário intercalado com camadas de areia. Segundo o estudo, parte do problema decorre do deslocamento de grãos nas camadas arenosas, provocado pelo peso das edificações altas e pelas vibrações geradas durante a construção das fundações.

Além disso, a pesquisa sugere que o afundamento contínuo pode ser influenciado pelos fluxos diários das marés e pela fragmentação do calcário sob a superfície.

Os pesquisadores recomendaram que construtoras reduzam as vibrações geradas durante as obras, já que estas contribuem para o rebaixamento gradual do solo ao longo do tempo.

“A subsidência é provavelmente uma combinação de vários mecanismos. Essas descobertas levantam questões adicionais que requerem uma investigação mais aprofundada”, disse o coautor do estudo Gregor Eberli, presidente do instituto de Geociências Robert N. Ginsburg.

Larisa Svechin, prefeita de Sunny Isles Beach, onde mais de 20 prédios foram afetados, declarou que a segurança dos moradores é a principal prioridade.

Ao jornal Miami Herald, Larisa afirmou que não há informações sobre problemas estruturais, mas disse que convocou uma reunião imediata com o administrador municipal depois da publicação do estudo.

Ela destacou ainda que todas as inspeções exigidas estão em dia e que “a legislação exige que os registros dessas inspeções sejam divulgados on-line e compartilhados com os moradores”.