O ex-presidente Evo Morales acusou o atual governo da Bolívia de rejeitar a proposta de diálogo para encerrar os protestos no país. Em comunicado ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, publicado no Twitter/X nesta segunda-feira, 4, o ex-presidente boliviano afirma que vai ficar em greve de fome “até que se concretize um diálogo efetivo e sincero”.
Morales começou a greve na última sexta-feira, 1º. Em outra publicação no Twitter/X, ele disse estar convencido da necessidade de “encontrar soluções para os problemas que hoje enfrenta o povo boliviano”.
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No comunicado a Guterres, o ex-presidente acusou o atual governo, regido pelo ex-aliado Luis Arce, de desrespeitar os direitos humanos ao reprimir as manifestações.
Os protestos começaram diante da abertura de investigações contra Evo Morales, pela acusação de estupro de uma menina de 15 anos. Os apoiadores do ex-presidente também pedem a renúncia de Luis Arce e soluções para a crise econômica da Bolívia.
A través de esta misiva dirigimos nuestra respuesta a la preocupación del Secretario General de Naciones Unidas, Antonio Guterres sobre la crítica situación que atraviesa de nuestra querida Bolivia.
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) November 4, 2024
En ella hacemos conocer nuestra solicitud de diálogo efectivo y sincero para… pic.twitter.com/8m5mEoedFC
Evo Morales afirmou ter pedido “uma conversa imediata e que duas mesas de diálogo sejam instaladas”, em entrevista à Agence France-Presse (AFP) publicada nesta segunda-feira. “E a resposta do governo foi deter mais de 50 manifestantes.”
Ele acusa Luis Arce de “perseguição total” e diz ainda que haverá mais reação nos protestos. “Estas pessoas reagem”, declarou à AFP.
Protestos na Bolívia incluem bloqueio de estradas, invasão de quartéis e roubo de munição
Desde 14 de outubro, apoiadores de Morales exigem o que chamam de “fim da perseguição judicial” contra o político. As manifestações começaram com o bloqueio de estradas na região de Cochabamba e incluíram a invasão de um quartel no último sábado, 2, quando tomaram militares como reféns.
De acordo com o Ministério de Relações Exteriores da Bolívia, os apoiadores de Evo Morales fizeram refém mais de duzentos militares, em três quartéis. Os manifestantes também roubaram armamentos de guerra e munições.
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“O anúncio de uma quarta interrupção no bloqueio rodoviário — o que não vai acontecer — e a sua substituição por uma greve de fome é apenas uma manobra para reduzir o impacto negativo da medida sobre o líder do protesto e para atrair a atenção da comunidade internacional”, diz um trecho do comunicado do ministério. “Ou seja, por trás de uma retórica radical, o projeto desta facção política continua a ser o de encurtar o mandato do presidente Luis Arce.”
Iniciamos la huelga de hambre desde el Territorio de Lucha, convencidos de la necesidad de encontrar soluciones a los problemas que hoy enfrenta el pueblo boliviano.
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) November 2, 2024
Las y los revolucionarios no se rinden ni claudican. Nos mantendremos firmes en la defensa de mejores días para… pic.twitter.com/98iG3RmLJL
Na última sexta-feira, a polícia conseguiu acabar com um bloqueio em Parotani, àrea na rodovia que liga Cochabamba a La Paz. O dia terminou com 19 policiais feridos e 66 civis detidos.
Ao menos 55 pessoas foram presas e levadas para a capital da Bolívia, La Paz, onde serão investigadas por terrorismo, revolta armada, tráfico de armas e outros crimes.