Muito se falou que depois dos ataques terroristas às Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001, em Nova York, o mundo não seria o mesmo. As mudanças realmente vieram. A tal nova era de ameaças, hostilidades e desconfianças que os especialistas previram é uma das realidades do momento.
Em entrevista a Oeste, a professora de relações internacionais da ESPM, Denilde Holzhacker, explica a gênese dessa nova ordem mundial, em que os Estados Unidos, que prosseguem como protagonistas e representantes do Ocidente, tem visto a China e a Rússia ganharem influência em várias regiões.
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Os conflitos de interesses entre esse trio de potências revela em grande parte, segundo a professora, o momento de instabilidade atual.
Outros países, como o Irã e a Coreia do Norte, ganharam influência no rastro de grupos terroristas que cresciam, desfaziam-se e transformavam-se em proxies (representantes). Ramos da enfraquecida Al-Qaeda, autora dos ataques em Nova York, se tornaram o Estado Islâmico, que se enfraqueceu e acabou se pulverizando em vários outros grupos na região.
As questões de segurança interna e inteligência viraram prioridade. Muitos países adotaram políticas mais rígidas de vigilância em ruas e shoppings, além de controle de fronteiras — os Estados Unidos, principalmente.
Os seguidos governos norte-americanos buscavam controlar os grupos inimigos, no Iraque, no Afeganistão e na Síria, por meio de intervenções militares.
“Nessas duas últimas décadas, formaram-se dois grupos: de um lado, o dos países que os EUA definem como ameaças, que eram do eixo de desestabilização, como Irã, Coreia do Norte e todos os países que elogiam grupos terroristas”, afirma a professora.
“De outro, o de países emergentes, que ganham força econômica e se aproveitam das brechas dessa nova conjuntura para cada vez mais ser atuantes internacionalmente e ganhar mais protagonismo.”
Interesses da Rússia e da China
Apesar de ter sido sempre protagonista, a Rússia se encaixa nesse perfil, já que ressurgiu como nação independente com o fim da União Soviética, em 1991. O outro “emergente” seria a China e alguns países islâmicos em busca de mercados.
“A Rússia entra nessa lista em um sentido muito mais militar, vai explorar os conflitos para ganhar peso como fornecedor de armas importante e ser aliado desses países próximos do eixo”, afirma a professora.
“A China entra em com uma ação mais econômica, de dar suporte a investimentos para ocupar os espaços que os norte-americanos não estavam mais ocupando, em função das guerras que estavam envolvidos.”
Dessa maneira, prossegue, a China busca substituir a influência norte-americana em várias partes do mundo.
Justamente em um momento em que esse país asiático perdeu fôlego no crescimento econômico e se depara com a gradual, mas visível, redução de sua população, mais envelhecida.
Para o governo chinês, a busca de novos mercados e influências regionais, inclusive para a obtenção de recursos naturais, é uma necessidade crescente.
“A estratégia da China é mais econômica do que militar, mas amplia o seu poder militar ao logo deste período.”