A embaixada da Espanha disse que “lamenta profundamente” o ataque a estátuas de espanhóis em meio aos protestos; pede que autoridades garantam a segurança desse patrimônio
A embaixada da Espanha nos Estados Unidos demonstrou preocupação com o vandalismo em estátuas de personagens históricos espanhóis em meio aos protestos que estão acontecendo nos EUA.
Em postagem na conta oficial da embaixada no Twitter, a Espanha “lamenta profundamente” a destruição da estátua de São Junípero Serra, em São Francisco, destacando “seus grandes esforços em apoio às comunidades indígenas”. São Junípero Serra, evangelizador franciscano fundador de missões na Califórnia no século 18, foi canonizado pelo papa Francisco.
O órgão diplomático também lastima os danos feitos a um busto de Miguel de Cervantes. Nascido no século 16, o autor espanhol é considerado um dos maiores escritores do mundo. Sua obra Dom Quixote de la Mancha, lançada em 1606, está, inegavelmente, entre as mais relevantes da literatura universal.
Para a embaixada da Espanha, os manifestantes estão inegavelmente mal informados. Cervantes foi ele próprio um escravo por cinco anos em Argel, no norte da África, e sua obra “serve como um chamado à liberdade e igualdade”.
A “defesa do legado espanhol nos EUA” é uma prioridade da política da Espanha com o país, disse a embaixada. Na postagem, o órgão declara que pretende intensificar os esforços “para que a realidade de nossa história compartilhada seja mais conhecida e compreendida”.
Por fim, as autoridades diplomáticas da Espanha afirmam que estão profundamente preocupadas com essa situação e solicita “que a memória de nossa rica história compartilhada seja protegida”.
Veja
(4/4) We are also expressing our deep concern regarding these attacks to federal, state, and local authorities, asking that the memory of our rich shared history be protected, always with the utmost respect for the debates currently taking place. pic.twitter.com/KKGAohesIG
— Embassy of Spain USA (@SpainInTheUSA) June 20, 2020
Protestos
A morte de George Floyd, um homem negro, por forças policiais desencadeou uma onda de protestos nos Estados Unidos e em outros países no último mês. Ao passo que estátuas e outros monumentos acabaram virando alvo de manifestantes radicalizados.
No dia 11 deste mês, manifestantes na cidade de Bristol, no Reino Unido, derrubaram e jogaram em um rio uma estátua de um vendedor de escravos do século 17, Edward Colston. A atitude dos manifestantes foi reprovada pelo governo britânico.
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A estátua de Winston Churchill, na Praça do Parlamento, em Londres, não escapou da fúria dos manifestantes. O monumento foi pichado, com os manifestantes acusando o ex-líder britânico de racista.
Como forma de proteção, a estátua foi coberta. O primeiro-ministro do país, Boris Johnson, criticou a manifestação e defendeu o legado de Churchill.
“É um absurdo e uma vergonha que monumentos nacionais estejam sofrendo risco de ataque por manifestantes violentos”, disse o primeiro-ministro.