Concretizando as negociações entre o governo do presidente norte-americano, Joe Biden, e o do ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, o Departamento do Tesouro dos EUA concedeu, no sábado 26, uma nova licença à multinacional do petróleo Chevron para operar na Venezuela.
A decisão foi tomada depois de uma reunião na Cidade do México entre o governo de Maduro e grupos de oposição venezuelano, em que os dois lados concordaram que a Venezuela gastaria bilhões de fundos congelados em ajuda humanitária e infraestrutura em um programa a ser administrado pelas Nações Unidas (ONU).
A mudança de política ocorre dois anos depois que o governo Donald Trump reprimiu as atividades da Chevron e de outras empresas de petróleo na Venezuela, como parte de uma campanha de “pressão máxima” destinada a derrubar o regime liderado por Maduro. Essa política incluía retirar o reconhecimento de Maduro e apoiar o líder do Congresso, Juan Guaidó, como o presidente legítimo da Venezuela.
As autoridades apresentaram o retorno da Chevron à Venezuela como uma razão para as partes iniciarem negociações sobre um cronograma e estrutura para eleições livres. A mudança também poderá abrir as portas para outras empresas de petróleo que já haviam operado na Venezuela.
Expectativa de produção
Entretanto, apesar da licença, analistas acreditam que a medida significará pouco aumento à produção mundial da commodity no curto prazo. A Chevron deverá enfrentar problemas técnicos nos antigos campos de petróleo da Venezuela, devendo consertar equipamentos quebrados e oleodutos, interromper quedas de energia, recontratar centenas de trabalhadores apesar do êxodo de especialistas da indústria petrolífera venezuelana e lidar com ameaças à segurança física, incluindo roubos de gasolina.
O analista de risco político e petróleo na Venezuela José Chalhoub, que trabalhou anteriormente na indústria petrolífera do país, ouvido pela Agência Estado, disse que “a quantidade de dinheiro necessária para investir na Venezuela para recuperar a produção perdida é enorme”.
Chalhoub estimou que os investimentos necessários para restaurar a produção perdida de petróleo da Venezuela podem chegar a US$ 50 bilhões. Nos próximos seis meses, disse ele, a multinacional Chevron pode aumentar a produção em cerca de 20 mil a 30 mil barris por dia (boe), muito pouco para fazer qualquer diferença no mercado global.
Embora a Venezuela tenha as maiores reservas de petróleo do mundo, pode levar pelo menos um ano para a Chevron trazer a produção de petróleo de volta para 200 mil barris por dia em suas quatro joint ventures com a petrolífera nacional da Venezuela, a PdVSA, disseram analistas.
Isso é uma gota no balde, em comparação com a quantidade de petróleo que poderia ser afetada pelas sanções ocidentais ao petróleo russo. Por isso, é improvável que a investida inicial da Chevron na Venezuela ajude a reduzir os preços do petróleo em curto prazo, disseram analistas. “Isso não é algo que vai acontecer da noite para o dia. Isso vai adicionar barris ao longo do tempo à oferta global, mas levará meses, se não mais de um ano”, disse Robert Yawger, analista da Mizuho.
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