Em um momento único na história dos Estados Unidos, começa nesta segunda-feira, 15, em Nova York, o julgamento do ex-presidente Donald Trump, acusado de pagar o silêncio de uma atriz pornô em 2016, antes das eleições presidenciais. A defesa aponta o juiz do caso, Juan Merchan, como “parcial”, por ter “ligações com o Partido Democrata”.
Esta é a primeira vez que um ex-presidente norte-americano enfrenta uma ação criminal, sendo o quarto processo que tem como alvo o candidato presumível à eleição presidencial de novembro pelo Partido Republicano.
De acordo com a Promotoria, o assessor de Trump, Michael Cohen, teria pago US$ 130 mil (equivalente a R$ 665 mil) à atriz pornô Stormy Daniels para que ela não falasse sobre um suposto caso que teve com o magnata, e que o ex-presidente o teria reembolsado posteriormente.
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Nesta segunda-feira, o Tribunal fará a seleção de um júri, de 18 pessoas. O julgamento deverá durar cerca de seis semanas, com decisão prevista para meados de junho, mesmo enquanto Trump segue a campanha para ser presidente novamente.
O julgamento começa depois de um atraso de 20 dias, atendendo ao pedido das duas equipes legais, defesas e acusação, para revisarem 31 mil novos registros fornecidos pelo Departamento de Justiça.
A equipe jurídica de Trump tentou adiar ainda mais o caso e até mesmo eliminá-lo, argumentando que o julgamento não deveria ocorrer até que a Suprema Corte dos EUA decidisse sobre a questão da imunidade presidencial.
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No entanto, o juiz negou o pedido da defesa, considerando-o “intempestivo”.
Nas últimas semanas, Merchan também emitiu uma ordem de silêncio para Trump. O ex-presidente foi proibido de fazer declarações públicas sobre testemunhas, promotores ou jurados. Mais tarde, a ordem foi estendida às famílias, pois Trump havia mencionado o nome da filha do juiz em sua rede social.
A equipe jurídica de Trump entrou com um pedido para que Merchan fosse afastado do caso, alegando que a filha dele tem afiliação política democrata e que o juiz demonstrou uma suposta “hostilidade” em relação ao indicado presumível do Partido Republicano para as eleições presidenciais de 2024.
Entenda a acusação do Estado de Nova York
A acusação, liderada pelo promotor do distrito de Manhattan, Alvin Bragg, alega que Trump usou um esquema de pagamento e ocultação de informações negativas por meio de registros comerciais falsificados para influenciar as eleições de 2016.
Após investigações da Comissão Federal de Eleições (uma agência independente do governo responsável por regular e fazer cumprir as leis de financiamento de campanhas políticas federais) e de promotores federais em 2019 e 2021, respectivamente, que não resultaram em acusações contra Trump, o promotor Bragg seguiu com o caso em nível estadual.
O promotor também alegou que uma empresa de mídia fez pagamentos a um ex-porteiro da Trump Tower que afirmava ter informações sobre um suposto filho de Trump concebido fora do casamento.
Trump se declarou inocente de todas as acusações.