Pessoas nascidas entre 1995 e 2010 são menos felizes do que as gerações anteriores, segundo estudos da Gallup, empresa focada em pesquisas e opinião pública nos EUA.
A pesquisa mostra que 60% dos cidadãos da geração Z se consideram “um pouco felizes”. Conforme se aproximam dos 18 anos, os números caem consideravelmente.
Segundo os dados, um dos principais propulsores de felicidade para a geração Z é o “senso de propósito”, seja no trabalho seja na escola. Dos 2 mil entrevistados pela Gallup, cerca de 49% das pessoas não enxergam a importância, interesse ou motivação nas funções desempenhadas. O grupo também disse se sentir “menos positivo” quando comparado a outras gerações.
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O relatório aponta que cerca de 33% dos membros da geração Z não se sentem frequentemente motivados ou apoiados por familiares ou amigos. Segundo especialistas da área, esse cenário pode ser influenciado pelas redes sociais, que têm o poder de cultivar relações rasas entre os usuários.
Quase metade da geração Z se sente ansiosa, diz estudo
No que diz respeito à comparação social, ansiedade e depressão se tornam antagonistas na busca pela felicidade. Cerca de 30% disseram ficar ansiosos com frequência e 17% assumiram ficar ansiosos sempre. Em perspectiva, 15% relatam ficar deprimidos com frequência e 7% sempre.
“Um dos principais impulsionadores da ansiedade da geração Z é comparar-se com os outros – 44% dizem que se comparam frequentemente com os outros e 49% preocupam-se frequentemente com o que os outros pensam deles”, diz a pesquisa. “Nas redes sociais, essas comparações têm uma relação clara e negativa com a felicidade.”
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Gabriel de Souza é estagiário da Revista Oeste em São Paulo. Sob supervisão de Edilson Salgueiro
O Brasil é um paradoxo, quando o assunto é felicidade! O país do carnaval, das praias maravilhosas, do clima tropical, das belas paisagens naturais, vivencia uma epidemia de depressão e ansiedade que atinge todas as faixas etárias. Segundo, dados de pesquisa liderada pela USP em 2021 o Brasil é líder mundial em casos de depressão e ansiedade. O que explica essa realidade?
Violência (estresse crônico) real e imaginada (papel da mídia no estabelecimento de uma “Cultura do Medo”); Isolamento social e excesso de tempo perdido em frente à “telas”? Miséria social (derrota social)? O uso mercadológico da medicina e das indústrias farmacêuticas (antidepressivos e estabilizadores de humor)?
O escrito francês Guy Debord explica que a globalização e o capitalismo produziram a era do “espetáculo”, tendo a extrema exposição da imagem um papel de intermediação nas relações sociais. Imagens que desejamos consumir e exibir, transformando a vida num eterno espetáculo de falsas realidades.
A geração Z é vítima desse processo. E como se encontra imersa nessa cultura – por nascimento – de consumo exacerbado – hedonista – de violência, de alta competitividade, acelerada, individualista, artificialmente feliz e de alta exposição, a perda do “senso de propósito” (como citado no artigo) e o rebaixamento do humor fazem todo o sentido. Verdade seja dita, não foi apenas a geração Z que a infectada por esse “vírus”, gerações anteriores também. Mas, a “Z” por ter nascido durante essa rápida transformação social e por desconhecer outra “realidade” é a mais impactada por essa louca cultura pós-moderna.