A invasão da Ucrânia pela Rússia custará à economia global US$ 2,8 trilhões em produção perdida até o fim do ano, informou, nesta segunda-feira, 26, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Se o inverno europeu for rigoroso, a situação poderá ser ainda pior.
A estimativa da OCDE revela a magnitude das consequências econômicas da invasão russa, considerada o maior conflito militar no continente desde a Segunda Guerra Mundial.
O ataque russo provocou um aumento nos preços da energia, prejudicou o consumo das famílias e minou a confiança das empresas — principalmente na Europa. O conflito deslocou as cadeias de suprimentos, causou escassez de alimentos e outros itens essenciais.
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Os governos ocidentais temem que a mobilização militar dos russos e seus preparativos para anexar territórios ucranianos possam prolongar o conflito, mostra reportagem publicada no The Wall Street Journal. Isso resultará em ainda mais incertezas sobre a economia global.
Em recentes previsões, a OCDE disse que a economia global deve crescer 3% neste ano e 2,2% em 2023. Antes da guerra, esperava-se um crescimento de 4,5% em 2022 e 3,2% em 2023.
A diferença entre essas duas estimativas significa que a guerra e suas consequências terão custado ao mundo o equivalente à produção econômica gerada por toda a economia francesa ao longo desses dois anos.
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A OCDE espera que a economia da Zona do Euro cresça apenas 0,3% em 2023. Quando divulgou as previsões pela última vez, em junho, a organização tinha a expectativa de ver um crescimento de 1,6%.
A OCDE alertou para uma desaceleração ainda mais acentuada, caso os preços da energia continuem a subir. Se os preços do gás natural subirem 50% no restante do ano, o crescimento econômico europeu poderá ser 1,3 ponto porcentual menor em 2023. E a economia global crescerá apenas 1,7%.
Esse aumento nos preços pode ocorrer se a Europa enfrentar falta de energia no próximo inverno, impulsionada por temperaturas particularmente baixas. Para reduzir esse risco, a OCDE estima que o consumo de energia deverá cair entre 10% e 15%, em comparação com os anos recentes.
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Os governos europeus gastaram bilhões de euros para ajudar famílias e empresas a enfrentarem o aumento dos custos de energia. Parte dessa ajuda veio da determinação de limites nos preços. No entanto, essa medida diminui o incentivo para que as famílias reduzam o consumo.
O custo de apoiar as famílias e as empresas está elevando as dívidas do governo, e isso levou a um aumento nos custos de empréstimos — o que pode retardar ainda mais o crescimento. Para evitar aumentos mais expressivos na dívida, a OCDE informou que a ajuda deve ser direcionada às famílias mais vulneráveis.
A OCDE reduziu sua previsão para o crescimento econômico dos Estados Unidos em 2023 de 1,2% para 0,5%. A aceleração mais acentuada é possível, caso a inflação não caia tão rapidamente quanto o Federal Reserve espera.
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A organização tem expectativa que a economia chinesa se recupere modestamente em 2023. Em junho, a OCDE previu um crescimento de 4,4% em 2022, mas, agora, espera ver uma expansão de apenas 3,2%. Para 2023, projeta crescimento de 4,7%.