Honda e Nissan estão considerando uma fusão devido a desafios no mercado automotivo, principalmente na China. De acordo com o jornal The Nikkei, as empresas teriam confirmado que estão em negociações sobre uma possível união. O rumor, no entanto, foi negado pelas montadoras na manhã desta quarta-feira, 18.
As discussões refletem como a rápida expansão da China no setor automotivo está influenciando a indústria. As empresas enfrentaram dificuldades inesperadas com a transição chinesa para veículos elétricos e híbridos plug-in, afetando suas operações no maior mercado automotivo global.
Uma fusão poderia gerar benefícios como sinergias em aquisições e desenvolvimento tecnológico. Contudo, os desafios culturais e sobreposições nas linhas de produtos das duas empresas também são significativos.
As duas montadoras anunciaram anteriormente planos para colaborar em tecnologias de eletrificação, com o objetivo de compartilhar custos. No mês passado, a Nissan revelou um plano de reestruturação abrangente, incluindo a demissão de 9 mil funcionários globalmente e uma redução de 20% na capacidade produtiva.
A empresa também revisou suas previsões de vendas para baixo, especialmente nos mercados da China e da América do Norte.
Concorrência e impacto no mercado
Analistas destacam que a concorrência de fabricantes de veículos elétricos, como Tesla e BYD, está impulsionando as discussões sobre fusão. Essas empresas lideram em tecnologias de condução autônoma e software, pressionando montadoras tradicionais a investirem mais para se manter competitivas.
As ações da Nissan subiram 23,7% na Bolsa de Tóquio, enquanto as da Honda caíram 3%. A capitalização de mercado da Honda é mais de quatro vezes maior que a da Nissan, o que sugere que, em caso de fusão, a Honda teria maior poder.
A Nissan ainda não se recuperou da prisão de seu ex-presidente Carlos Ghosn, em 2018. Esse evento causou tensões internas, especialmente sobre a aliança com a Renault, que em 1999 adquiriu uma participação significativa na Nissan e a reduziu para 15% no ano passado.
A Nissan também enfrentou resultados fracos nos EUA, com uma queda de 2% nas vendas no terceiro trimestre de 2024. A Honda, por sua vez, revisou suas previsões anuais para baixo, registrando uma queda nos lucros devido à fraqueza na China.
Mercado automotivo na Ásia
No mercado chinês, 52% dos carros vendidos em novembro eram elétricos ou híbridos plug-in. Marcas chinesas aumentaram sua participação, representando 60% das vendas de carros de passeio nos primeiros 11 meses de 2024, um salto em relação ao ano anterior.
Em 2023, a Honda vendeu cerca de 4 milhões de veículos globalmente, enquanto a Nissan vendeu cerca de 3,4 milhões. Se ocorrer a fusão, a nova entidade combinada pode se tornar a terceira maior montadora mundial, atrás apenas da Toyota e da Volkswagen.
O setor automotivo japonês está se dividindo em dois grupos principais: um liderado pela Toyota, que possui participações em Subaru, Mazda e Suzuki, e outro composto de Honda, Nissan e Mitsubishi Motors. A Nissan reduziu sua participação na Mitsubishi em novembro, mantendo cerca de um quarto da empresa.
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