Israel considerou as retaliações aos ataques iranianos, em abril e outubro, bem-sucedidas. Mas a ameaça nuclear continua preocupando o governo israelense. De acordo com a especialista Sima Shine, diretora do programa de pesquisa Irã e Eixo Xiita do Instituto de Estudos de Segurança Nacional, o Irã pode estar a cerca de duas a três semanas de enriquecer urânio a um nível militar de 90%, em quantidades suficientes para construir três bombas atômicas.
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Sima acredita que o Irã está entre seis a 18 meses de construir uma ogiva ou a primeira bomba atômica. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira, 7, pela instituição Alma Research, que, com base em dados e movimentações das Forças de Defesa de Israel (FDI), é especialista em análise estratégica para o norte de Israel.
“O que separa Teerã da capacidade nuclear é uma ordem do Líder Supremo, Aiatolá Khamenei, e do Conselho Supremo de Segurança Nacional”, declara a entidade em artigo, baseada nas informações de Sima.
Isto significa que, mesmo antes de o novo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, assumir o cargo, o governo norte-americano teria de resolver com urgência esta questão. O presidente Joe Biden, porém, se mantém reticente em realizar uma política mais dura em relação ao país persa.
Esta atitude tem se mantido desde que Biden chegou ao poder. Na prática, ele atenuou a retórica de Trump, que se mostrou irredutível a qualquer possibilidade de o Irã enriquecer urânio para fins militares.
Em maio de 2018, quando presidente, Trump abandonou o acordo nuclear firmado com o Irã e retomou as sanções contra o país. Na ocasião, ele afirmou que “o Irã é o principal Estado patrocinador do terrorismo” e que nenhuma ação desse país foi mais perigosa do que sua busca por armas nucleares.
É muito possível, portanto, que Israel pense em alguma estratégia para evitar que o Irã tenha acesso a armas nucleares antes mesmo da posse de Trump. As FDI, apesar da ameaça, estão fortalecidas depois das reações israelenses aos ataques iranianos.
A entidade Alma destacou que os ataques recentes enfraqueceram significativamente os sistemas de defesa aérea do Irã (destruindo os sistemas estratégicos de defesa aérea de longo alcance, incluindo baterias russas S-300) e a capacidade iraniana de mísseis (atingindo componentes críticos para a produção de mísseis balísticos, de forma que o Irã perdeu a capacidade de produzir novos mísseis no futuro próximo).
O país persa se viu em uma situação que não estava em seus planos. A de confrontar Israel diretamente. Desde a Revolução Islâmica, para implantar sua agenda radical xiita, o país se baseava em proxies, para criar um anel de fogo em torno de Israel, a fim de enfraquecer o Estado judaico
Eyal Pinko, ex-oficial de inteligência e da Marinha no Centro de Estudos Estratégicos Begin-Sadat, da Universidade Bar-Ilan, relatou que Israel obteve uma conquista estratégica significativa com os recentes ataques aos sistemas de defesa aérea e às fábricas de combustível sólido para mísseis do Irã.
O ataque foi capaz de destruir quatro sistemas russos S-300, um feito estratégico que permite à Força Aérea de Israel realizar ataques repetidos, se necessário. Pinko avaliou que a Rússia não se apressará em fornecer novos sistemas ao Irã, especialmente devido ao conflito na Ucrânia.
O Irã possui uma versão local do sistema S-300, o Bavar 373, mas, devido à ineficácia de ambos os sistemas contra aeronaves israelenses, a motivação iraniana para adquirir esses sistemas será provavelmente substituída por uma tentativa acelerada de desenvolver novas capacidades de defesa aérea.
“Os ataques israelenses atingiram vários alvos críticos, incluindo instalações em Parchin e Khojir, onde plantas de produção de motores de mísseis e combustível sólido foram destruídas”, destacou um informe da Alma. “A avaliação é de que o Irã precisará de cerca de um ano ou mais para restaurar as capacidades danificadas.”
Influência de Trump
Os ataques mapearam toda a região e demonstraram que Israel está no controle das ações. De acordo com outro relato, um local relacionado ao armazenamento de petróleo também foi atingido no ataque, sugerindo possíveis alvos para o futuro.
“Se a capacidade de produzir e abastecer mísseis foi gravemente danificada, isso significa que o Irã fica restrito, por ora, ao seu atual arsenal de mísseis, e sua indústria de defesa não poderá reabastecer rapidamente os estoques, tampouco exportá-los para seu aliado russo.”
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Pinko estimou que, antes dos ataques diretos a Israel, o Irã tinha cerca de 1 mil mísseis e, até agora, disparou cerca de 400 contra Israel.
A destruição dos sistemas de defesa aérea, ainda, deixa o espaço aéreo iraniano quase completamente exposto a novos ataques, e o Irã enfrenta a incapacidade de defender seus céus até que, se e quando, China e Irã cheguem a um acordo para reabastecer suas capacidades de defesa aérea.
Neste sentido, de acordo com a estratégia, Israel se mostra preparado para agir em caso de necessidade de neutralizar os planos do Irã obter uma arma nuclear. E, até mesmo antes da posse de Trump, terá o apoio do novo presidente.
Com a legitimidade adquirida depois da ampla vitória sobre Kamala Harris, a tendência é a de que a atual gestão da Casa Branca já comece a ter uma forte influência do novo presidente. Desde já.
Arma nuclear já é uma tragédia.
Nas mãos de malucos, muito pior, é claro…..