A retórica belicosa e agressiva do Irã pode estar perdendo fôlego neste momento. Mais de um ano depois dos ataques do Hamas, em 7 de outubro, a Israel, o principal apoiador do grupo terrorista, e de seu parceiro Hezbollah, teve muito mais perdas do que ganhos. A opinião é do pesquisador do Instituto de Estudos de Segurança Nacional, Benny Sabati, dada ao jornal Maariv.
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“Os iranianos pagaram um preço muito alto por operar todos os seus proxies contra Israel no último ano.”
Enquanto o aiatolá Khamenei e o governo iraniano bradavam ameaças de destruir Israel, na prática, acumulavam frustrações.
Em abril, ataque atribuído a Israel, matou, no consulado iraniano em Damasco, o comandante sênior da Guarda Revolucionária do Irã, Mohammad Reza Zahedi, e o segundo na hierarquia, Mohammad Hadi Haji Rahimi, entre outros. Eles faziam parte da Força Qods, braço de operações exteriores do grupo.
Em 31 de julho, em plena capital iraniana, o líder do Hamas, Ismail Hanyeh, foi morto depois de participar da posse do novo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian. Hanyeh morreu depois da explosão de uma bomba escondida, segundo o The New York Times, onde ele estava hospedado. O dispositivo foi acionado remotamente.
Além disso, os ataques israelenses em Gaza e no Líbano sucatearam boa parte da infraestrutura de Hamas e Hezbollah, custeada em grande parte pelo Irã.
Do ponto de vista moral, os objetivos também foram abalados. Toda a hierarquia dos grupos foi desconstruída, com a morte de importantes líderes, como Fuad Shukr, Ibrahim Aqil, Hassan Nasrallah, Hashem Safieddine, do Hezbollah, e Mohhamed Deif, Yahya Sinwar, e Ismail Haniyeh, do Hamas.
A situação complicada do Irã começa a influenciar na guerra da Síria, iniciada em 2011 e que estava adormecida há pelo menos cinco anos.
Rebeldes da Frente Al-Nusra, sunitas que eram aliados da Al-Qaeda, recomeçaram sua luta contra tropas do governo do alauita Bashar al-Assad e mataram soldados sírios em Aleppo, um dos locais com maior presença dos combatentes opositores. No sábado 30, as forças sunitas reconquistaram a cidade.
O Irã, desde o início da guerra, se colocou ao lado de Assad e, com suporte da Rússia, ampliou sua influência no país. Para Karina Calandrin, doutora em Relações Internacionais e assessora acadêmica do Instituto Brasil-Israel, esta recente ofensiva surpreendente, realizada pelos rebeldes sunitas na Síria, expôs uma crise profunda na estratégia do Irã.
O país persa, segundo ela, se encontra significativamente enfraquecido depois de intensificar operações contra Israel por meio de seus proxies ao longo do último ano.
“O Irã sofreu perdas substanciais, incluindo a eliminação de comandantes e combatentes de grupos como o Hezbollah e o Hamas”, ressalta a especialista a Oeste.
“Consequentemente, Teerã está em uma posição debilitada, sem recursos para auxiliar efetivamente o regime de Bashar al-Assad na Síria.”
Calandrin concorda com a opinião de Sabati e, citando todos os reveses sofridos pelo Irã, considera que o país comandado pelos aiatolás “negligenciou a ameaça dos extremistas sunitas, permitindo que esta emergisse com força renovada.”
Múltiplos conflitos
A retórica anti-Israel acabou, neste sentido, se voltando contra o próprio Irã, neste momento. Guerra, afinal, não se faz apenas com a fúria dos gritos, mas com recursos financeiros, estratégicos e de inteligência.
Neste período, o Irã ainda gastou um arsenal considerável ao lançar, em duas ocasiões, mísseis de longo alcance contra Israel, sem atingir seu objetivo. A grande maioria dos mísseis foi rechaçada pelo sistema de defesa israelense, formado, entre outros, pelo Iron Dome.
E, como retaliação, o Irã teve bases destruídas, vendo Israel entrar em seu espaço aéreo com certa facilidade, algo que não conseguiu fazer em seus ataques. Mesmo com o míssil Fattah-1 sendo lançado com a aura de arma inovadora.
Na segunda resposta de Israel, as Forças de Defesa de Israel (FDI) atingiram sistemas de defesa aérea contra mísseis. Também destruíram instalações de fabricação de mísseis usadas para produzir armas empregadas contra Israel.
Fontes militares israelenses garantem que a produção de mísseis iranianos, com isso, sofreu um retrocesso de anos. Há rumores de que instalações nucleares também foram atacadas.
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“O envolvimento do Irã em múltiplos conflitos, especialmente contra Israel, resultou em um desgaste significativo de seus recursos e influência”, constata Calandrin.
“A recente escalada na Síria não apenas destaca as limitações iranianas, mas também sinaliza possíveis mudanças no equilíbrio regional, dependendo das ações de atores-chave como a Rússia e das dinâmicas internas dentro do Irã.”
O Irã não pode ter armamento nuclear.