A organização Connectas, liderada por Carlos Huertas, criou um programa jornalístico com apresentação de âncoras feitos com inteligência artificial (IA). A iniciativa busca informar cidadãos da Venezuela e, ainda, proteger jornalistas da repressão da ditadura de Nicolás Maduro.
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O projeto intitulado ‘Operação Retweet’, que tem sede na Colômbia, gerou os âncoras El Pana (“o amigo”) e La Chama (“a garota”). Apesar de virtuais, eles apresentam as manchetes com aparência e sons realistas. O nome do projeto faz referência à ação de compartilhamento do aplicativo Twitter/X.
Em entrevista, o diretor Huertas explicou que a decisão de usar a inteligência artificial para ser o rosto das informações que eles publicam é baseada nos perigos que correm seus “colegas jornalistas”. “Aqueles que ainda estão fazendo seu trabalho estão enfrentando muito mais riscos”, disse.
A repressão do regime de Maduro resultou em, pelo menos, dez jornalistas presos desde junho. Oito deles ainda estão presos, sob acusações de terrorismo, segundo a Repórteres Sem Fronteiras — organização internacional sem fins lucrativos e não governamental, com sede em Paris, que busca guardar o direito à liberdade de informação.
A oposição e grupos de direitos humanos da Venezuela denunciam que as prisões de manifestantes e jornalistas visam a controlar a tensão eleitoral. O Ministério das Comunicações do país não se pronunciou sobre a iniciativa de inteligência artificial, nem respondeu aos pedidos de comentário da agência Reuters sobre as prisões.
As eleições de 28 de julho na Venezuela
Tanto Nicolás Maduro quanto a oposição reivindicam a vitória na eleição de 28 de julho. Maduro, no poder desde 2013, tem o apoio do Tribunal Superior de Justiça e do Conselho Nacional Eleitoral, órgãos controlados por chavistas.
A Justiça Eleitoral venezuelana não divulgou a contagem completa dos votos, pois alegou um ataque cibernético. A oposição, por sua vez, diz que, com 80% da contagem a que tem acesso, declara a vitória de seu candidato, Edmundo González.
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Observadores internacionais e países ocidentais afirmam que a eleição foi injusta e exigem a apuração completa dos votos. A Justiça venezuelana emitiu um mandado de prisão contra González, acusado de fraude eleitoral.