O jornalista norte-americano Evan Gershkovich reafirmou sua inocência, nesta quarta-feira, 26, no início de seu julgamento na Rússia. O governo russo acusa o repórter do jornal The Wall Street Journal de espionagem. Com a cabeça raspada, ele foi visto em público pela primeira vez desde a sua prisão, há 15 meses.
A polícia russa prendeu o jornalista em março de 2023, em Ecaterimburgo. A região fica a cerca de 1,4 mil quilômetros de Moscou. Os agentes o levaram para uma prisão do Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB), onde permaneceu até o julgamento.
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Segundo o promotor do caso, Mikael Ozdoev, o jornalista coletou informações secretas sobre atividades de uma empresa de defesa russa. Os investigadores afirmam que ele o teria agido desta forma sob ordens da CIA.
Mikael Ozdoev também alegou que o jornalista usou “métodos conspiratórios meticulosos”. Amigos de Gershkovich disseram ao jornal Folha de S.Paulo que ele se encontrou com informantes. Eles teriam dado informações ao norte-americano sobre o Uralvagonazod — famoso complexo científico da Rússia. Por esse motivo, o governo russo o incriminou.
O julgamento do jornalista norte-americano
O julgamento, que ocorre a portas fechadas, deve durar até três meses. A próxima audiência está agendada para o dia 13 de agosto.
Jornalistas puderam fotografá-lo enquanto acenava desde uma cela de vidro. No entanto, não puderam acompanhar a sessão.
The Wall Street Journal comenta a prisão na Rússia
Almar Latour, publicitário do jornal Wall Street Journal, disse à agência de notícias Reuters que “ele estava lá como um jornalista credenciado, fazendo seu trabalho”.
A Embaixada dos EUA em Moscou afirmou que “o caso dele não é sobre provas, normas ou Estado de Direito”. O órgão também disse que “o Kremlin usa cidadãos norte-americanos para alcançar seus objetivos políticos”.
A Rússia mantém a acusação de espionagem e não descarta usar Gershkovich em uma troca de prisioneiros com os EUA. O presidente Vladimir Putin já mencionou essa possibilidade, mas o porta-voz Dmitri Peskov disse que tais negociações “devem ocorrer em silêncio”.