A Suprema Corte da Rússia anulou nesta quinta-feira, 15, a licença do site de notícias Novaya Gazeta, um dos poucos meios de comunicação independentes restantes do país. Na prática, significa o fechamento do jornal, conhecido por criticar as ações do líder do país, Vladimir Putin, e a intervenção militar na Ucrânia.
Nas redes sociais, a Novaya Gazeta informou que a Justiça aceitou uma denúncia da agência reguladora de comunicação da Rússia, a Roskomnadzor, que acusou o site de notícias de violar repetidamente as restrições impostas a “agentes estrangeiros”, com base na publicação de arquivos e investigações no jornal independente.
Durante audiência da Suprema Corte, Dmitri Muratov, editor-chefe da Novaya Gazeta, denunciou o “assassinato” de seu jornal. Segundo o jornalista, a medida autoritária vai privar os leitores russo do seu “direito à comunicação”. Em um comunicado, o Novaya Gazeta disse que a decisão da Corte Distrital de Basmanny, em Moscou, “matou o jornal, roubou 30 anos de vida de seus funcionários e privou os leitores do direito à informação”.
De acordo com a imprensa internacional, o órgão de controle de imprensa da Rússia, Rozkomnadzor, acusou o Novaya Gazeta de não fornecer documentos relacionados a uma mudança de propriedade em 2006, e a Corte Distrital de Basmanny, em Moscou, acabou julgando a denúncia procedente.
A cassação da licença do Novaya Gazeta ocorreu mais de duas semanas depois da morte do líder soviético Mikhail Gorbachev, que foi um dos fundadores do jornal, em 1993, tendo utilizado parte do dinheiro do Prêmio Nobel da Paz recebido em 1990. O jornal sempre foi considerado, no Ocidente, uma referência em reportagens investigativas na Rússia, país onde a liberdade de imprensa sempre esteve sob rígido controle estatal.