Dois aviões Airbus A340, com capacidade para mais de 350 passageiros cada, decolaram da cidade de Siauliai, na Lituânia, com destino ao Sri Lanka e Filipinas no mês de fevereiro. Porém, ao invés de pousarem no sul da Ásia, ambos desviaram a rota, desligaram os radares e interromperam a comunicação com outras aeronaves ao entrar no território do Irã.
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O site de dados de aviação ch-aviation informou que um avião pousou no aeroporto de Mehrabad, em Teerã, capital do Irã, e outro no aeroporto de Konarak, em Chabahar, no sul do país. Embora tenha ocorrido há meses, a história só foi divulgada na semana passada pelo site especializado em economia lituano vz.lt.
Os dois aviões contrabandeados pertencem à empresa de leasing da Gâmbia Macka Invest. Um terceiro avião, da mesma proprietária, estava pronto para decolar, mas foi impedido pelas autoridades locais de partir.
“O avião estava preparado para voar para as Filipinas, mas nós presumimos que a aeronave também poderia ter pousado no Irã”, informou o diretor do aeroporto de Siauliai, Aurelija Kuezada. “Nada poderia prevenir o furto dos aviões, então, não o deixamos partir quando descobrimos que o primeiro avião havia pousado no Irã.”
Motivações e sanções econômicas
A emissora pública de notícias da Lituânia afirmou na quinta-feira que o Irã “contrabandeou” os aviões e que a propriedade deles foi reivindicada pela empresa indiana Mahan Air.
A razão para o Irã furtar os aviões está ligada às atuais sanções econômicas impostas contra o país pelos Estados Unidos.
A nação dos aiatolás está isolada do mundo por causa do programa nuclear que desenvolve, de olho em armas de destruição em massa. Essa política impede o Irã de comprar novos aviões.
Preocupação entre autoridades
O chefe da estatal de serviços de navegação da Lituânia, Oro Navigacija, disse ao site vz.lt que nenhum dos três aviões havia levantado quaisquer suspeitas anteriormente.
Ele crescentou ainda que a movimentação fora do espaço aéreo lituano ocorria dentro das regras dos prestadores de serviços de navegação de outros países. O sumiço das aeronaves causam grande preocupação entre as autoridades lituanas.
Essa não foi a primeira vez que o Irã “roubou” aviões. Em dezembro de 2022, quatro Airbus A340, que partiram de Johanesburgo, na África do Sul, e tinham o Uzbequistão como destino, mudaram a rota e foram parar no Irã.
Naquela ocasião, o transponder (radar de localização do avião) também foi desligado. O jornal Tehran Times publicou, em 2022, que o Irã precisava de 550 aeronaves comerciais. Mas as sanções o impedem de comprar aviões como o A340, que custa cerca de R$ 850 milhões.