Registro de luzes misteriosas no céu do Marrocos pouco antes do país passar por um terremoto chamou a atenção de moradores e usuários das redes sociais.
Um vídeo de uma câmera de segurança publicado na plataforma X que mostra os clarões acumula mais de 2,6 mil compartilhamentos e 11 mil curtidas.
Esse tipo de fenômeno tem ocorrido em outras ocasiões, sendo identificado antes de sismos, o que intriga há muito os cientistas. Ainda não há consenso sobre a sua causa, mas as chamadas “luzes de terremoto”, ou EQL, são “definitivamente reais”.
O geofísico reformado John Derr, que trabalhava no Serviço Geológico dos Estados Unidos, em entrevista para a CNN. Ele é coautor de vários artigos científicos sobre EQL.
Segundo Derr, as imagens das luzes no Marrocos são parecidas com clarões captados por câmeras de segurança durante um terremoto em Pisco, no Peru, em 2007.
Recorrência de ‘luzes de terremoto’
Momentos antes dos terremotos ocorridos em 2017 e 2021 no México também foram registradas luzes semelhantes às de uma aurora boreal, de acordo com relatos de moradores nas redes sociais e reportagens da imprensa local.
As luzes de terremoto podem assumir várias formas diferentes, segundo um capítulo sobre o fenômeno de coautoria de Derr e publicado na Enciclopédia de Geofísica da Terra Sólida.
Os clarões podem parecer similares a relâmpagos comuns ou podem ser como uma faixa luminosa parecida com a aurora polar.
Também podem ser semelhantes a esferas brilhantes flutuando no ar ou pequenas chamas cintilantes no céu.
Um vídeo feito na China pouco antes do terremoto de Sichuan em 2008 mostra nuvens luminosas flutuando no céu.
Para analisar melhor as EQLs, Derr e seus colegas coletaram informações sobre 65 sismos norte-americanos e europeus associados a relatórios confiáveis de luzes associados a luzes de terremotos que datam de 1600.
Os pesquisadores descobriram que cerca de 80% das ocorrências de EQLs estudadas foram observadas para terremotos com magnitudes superiores a 5,0.
Na maioria dos casos, o fenômeno foi observado pouco antes ou durante o evento sísmico e foi visível a 600 quilômetros do epicentro do terremoto.
Teoria
Friedemann Freund, colaborador de Derr e professor adjunto da Universidade de San Jose e ex-pesquisador do Centro de Pesquisa Ames da Nasa, tem uma teoria para as luzes dos terremotos.
Ele explica que, quando certos defeitos ou impurezas das rochas são submetidos a tensões mecânicas, como ocorre no acúmulo de tensões tectônicas antes ou durante um grande terremoto, eles quebram-se e geram eletricidade.
“É como ligar uma bateria, gerando cargas elétricas que podem fluir das rochas estressadas para dentro e através das rochas não estressadas”, explicou Freund em um artigo de 2014 para o portal de notícias acadêmicas The Conversation.
“As cargas viajam rapidamente, a cerca de 700 km/h”.
Há outras teorias sobre a causa para as luzes de terremoto, como eletricidade estática produzida pela fratura da rocha, emanação do radônio, entre outras.
Não há consenso entre os sismólogos sobre o mecanismo que provoca as EQLs e os cientistas ainda procuram descobrir a causa dos clarões no céu antes dos terremotos.