Recentemente, tivemos que aguentar mais uma das fantasias realizadas em computadores rodando seus modelos oriundos da Terra de Alice, aquela do País das Maravilhas. No atual caso, resolveram simular o clima do planeta para daqui 250 milhões de anos, em uma nova configuração geográfica, quando supostamente haveria a junção de todas as terras emersas, formando um novo supercontinente.
O “trabalho” climático científico foi publicado na revista Nature Geoscience e faz uma alusão que o “aquecimento global” seria determinante para a extinção dos mamíferos na nova formatação continental. Segundo Alexander J. Farnsworth, um dos principais autores da Universidade de Bristol, Inglaterra, a formação de um novo supercontinente, já denominado como Pangea ultima, seria assolado por três problemas que o tornariam inabitável.
O primeiro seria pela sua própria nova constituição geográfica, pois criaria regiões muito afastadas do mar. Esse é um dos efeitos da continentalidade, um dos quatro fatores climáticos estáticos que praticamente não mudam, exceto se forçarem a barra, como é o caso em questão, pois a distribuição de terras foi alterada. Farnsworth tem Ph.D. em ciências geográficas, daí entende-se a utilização deste fator.
+ Leia mais notícias do Mundo em Oeste
Quanto aos outros dois, a modelagem incorporou a atividade solar que se intensificaria para daqui 250 milhões de anos e, é claro, o aumento do falacioso “efeito-estufa”, causado pela liberação excessiva de CO2 na atmosfera devido ao vulcanismo exacerbado que ocorreria pelos processos geológicos. Segundo o artigo, esse último elemento que envolve os gases surgiu como resultado de modelos de computador que simularam o movimento tectônico de placas, a química dos oceanos e a biologia, computando as entradas e saídas de CO2.
Fantasia climática e o fator CO2
Claramente aí já temos um enorme problema porque é impossível identificar todos os vetores que envolvem os processos do CO2. Se o próprio vulcanismo associado aos movimentos de placas é uma incógnita, o que dizer então das estimativas do grande reservatório de ignorância, chamado de oceanos e o total desconhecimento de toda a vida biológica existente na Terra? É certo que neste ponto deste exercício existiram condições de contorno e variáveis muito bem estabelecidas, cujas alterações dariam diversos outros cenários.
Como sempre afirmo quando leio coisas como esta é que clima, geologia, geofísica etc. passaram longe e “trabalhos” ditos científicos, como o apresentado, não pertencem às ciências da Terra, mas à ciência da computação, para ser bastante otimista — e ainda apenas no quesito de processamento eletrônico.
“As esdrúxulas simulações do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para o ano de 2100 já se mostraram erradas nestes últimos 30 anos”
Ricardo Felício
Primeiramente porque não existe nenhuma garantia de que qualquer variável simulada realmente apresente os padrões desejados desta cenarização, especialmente para um tempo absurdamente longo de 250 milhões de anos. Se não conseguimos prever, prognosticar e até imaginar (este último, já no processo de simulação que envolve mesmo muita fantasia) as intercorrências, algumas até conhecidas, em tempos muito mais curtos, o que dizer de um tempo tão longo?
Mais artigos de Ricardo Felício
Mesmo as esdrúxulas simulações do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para o ano de 2100 já se mostraram erradas nestes últimos 30 anos, com seus mais de 120 modelos esquentando a Terra mais do que ela realmente o faz, imaginemos a bobagem de desenhar um planeta daqui 250 milhões de anos?
Bravatas e mais bravatas sobre o clima
A bravata não para por aí. Por duas vezes na história do planeta estivemos a atmosfera da Terra apresentando dez vezes o valor atual de CO2 e isto não impediu o planeta de entrar em períodos glaciais, os mais severos já registrados, quando então a Terra praticamente tornou-se uma bola de gelo. A “desculpa” dada pelos “especialistas” foi que a atividade vulcânica, embora solte muito CO2, também lançou bastante material particulado na estratosfera, causando o escurecimento da atmosfera e resfriamento planetário pela redução da insolação, coisa que também não faz sentido.
“Quanto mais se ‘pesquisa’, mais os resultados são divergentes e as explicações viram enormes discursos”
Ricardo Felício
Contudo, na atual simulação, os proponentes parecem ter esquecido desta “desculpa”, digo, deste fator, porque eles simularam uma atividade geológica muito mais severa, com intenso vulcanismo, lançando bastante CO2 para falsamente servir de “estufa”. Acabaram, no entanto, por remover a importância anteriormente citada das cinzas vulcânicas e do material particulado que ajudaria a resfriar em demasia a Terra? O que mudou? A física atmosférica ou o propósito a ser simulado? Será que os resultados precisam corroborar como compromisso do discurso alarmista?
Leia também: “Barroso participa de evento sobre inclusão, clima e sustentabilidade no Judiciário”
Como podem aplicar a desculpa do material particulado para justificar o resfriamento das duas maiores glaciações da Terra e depois “esquecer” de citá-lo de forma que a simulação para daqui 250 milhões de anos dê valores de planeta tórrido? Em outras palavras, mesma atividade planetária, duas respostas totalmente díspares? Mas é essa a ciência climática atual. Quanto mais se “pesquisa”, mais os resultados são divergentes e as explicações viram enormes discursos.
Contradições das “pesquisas”
Interessante que contradiz exatamente o que o principal autor, Farnsworth, o professor de Bristol, diz em seu sítio de internet quando retrata seus objetivos de pesquisa, tendo em vista que afirmou categoricamente que pretende pesquisar o passado climático em larga escala para desvendar o futuro, sempre atrelado ao falacioso efeito estufa e seus gases. Então, passou longe de cumprir sua própria meta!
As simulações apresentadas em seus mapas podemos observar claramente uma mudança zonal no campo de distribuição da temperatura durante as estações do ano. Isto indica que os fatores climáticos dinâmicos, como massas de ar e as correntes oceânicas, foram pouco ou mal considerados, senão, simulados, restando-nos a dúvida se realmente simularam tais condições de vento, chuva e umidade, como alegaram (filme 1, abaixo).
De fato, se formos bastante criteriosos, não observamos corredores de ciclones tropicais e nem de extratropicais nestas simulações porque seus mapas térmicos não registram absolutamente nenhuma variação significativa sazonal na área costeira deste supercontinente. Zonas de convergência sequer foram simuladas e admitir que as mesmas não existam, com a vastidão oceânica livre na configuração de globo apresentada, nos remete a pensar em uma programação reducionista exacerbada.
Leia também: “Principal órgão do governo Lula para clima teve apenas uma reunião”
Assim, é pouco crível que uma simulação deste tipo não leve em conta que uma vasta área do planeta apresenta um contínuo contato entre o oceano e atmosfera. Neste caso, a interação ar-mar de amplas proporções permitiria a formação de diversos sistemas atmosféricos que geram uma quantidade de nuvens significativas, as quais tratariam de mostrar outros tipos de controles climáticos e não só os exemplificados na simulação. Ademais, a formação permanente de corredores de sistemas dinâmicos atmosféricos e oceânicos apresentariam resultados bem diversos, se tudo isto fosse real.
Exercícios para reflexão
Esse exercício computacional pode servir como uma reflexão em um âmbito escolar, ilustrando atividades didáticas em sala de aula. De fato, já fizemos isto há quase 20 anos, em sala de aula, justamente para ressaltar a importância da distribuição geográfica e a diferença entre os hemisférios quanto à meteorologia, ao clima e à ação oceânica, “criando Terras”, onde espelhamos os hemisférios, uma somente com o Norte e outra com Sul (filmes 2 e 3).
Inclusive, fizemos exercícios mais complexos para aplicação dos conhecimentos, realizando simulações teóricas, tanto em “planetas novinhos em folha”, quanto em alterações geométricas de posição da Terra. Contudo, usar exercícios como este com um peso significativo de forma a ser publicado em revista científica, parece ser bastante questionável.
Freeman John Dyson (1923-2020) estaria rindo agora de um trabalho deste tipo, à la Carl Sagan e seu “inverno nuclear”. Por isto que continuamos a nos perguntar para que temos uma ciência como está? Qual foi a grande contribuição para a humanidade e para a climatologia com seus resultados?
Leia também: “Pilatos nas águas”, artigo de Alexandre Garcia publicado na Edição 219 da Revista Oeste
O artigo é bem claro. Demonstra que o assunto clima é mais ideológico do que científico. É mais manipulação política do que realidade. Os ecologistas buscam impor suas agendas ideológicas apenas. Não tem nada de ciência nisso.
A crise climática tornou-se um mercado de bilhões de dólares. Não tem volta.
Bom, daqui a 250 milhões de anos, vou estar tão velhinho que, certamente, já não vai me afetar em nada…
Se a cerveja tem CO2 , por que é tão gelada!
Sabe-se há muito que o CO2 é o aumento de temperatura têm comportamento semelhante, ou seja os “picos” coincidem em uma determinada escala, contudo ao ampliarmos essa escala vemos que o CO2 aumenta DEVIDO ao aumento da temperatura principalmente pelo degelo dos permafrost (solos congelados da Sibéria e Canadá. Temos hoje temperaturas semelhantes ao aquecimento medieval (por volta de 1300) e sinceramente não acho que nessa época havia tanto boi para preencher a atmosfera de puns.