A sonda Osiris-Rex, da Nasa, irá retornar à Terra no domingo 24, por volta de 12h30 (horário de Brasília). Ela retorna depois de uma longa missão de mais de sete anos, que mudou a forma como os cientistas veem as rochas espaciais, como meteoros e asteroides.
A cápsula entrará na atmosfera do planeta a mais de 15 vezes a velocidade de uma bala de rifle. Apesar de criar uma bola de fogo no céu, a sonda conta com um escudo térmico e um pára-quedas que irão retardar a sua decida.
A cápsula fará sua descida no deserto oeste de Utah, nos Estados Unidos. A sonda transporta um material recolhido em outubro de 2020 do asteroide Bennu, uma rocha espacial do tamanho de uma montanha.
Material do asteroide
Os cientistas acreditam que o estudo da amostra pode revelar muito sobre os primeiros dias do Sistema Solar e até esclarecer sobre com a vida começou na Terra.
“Quando tirármos os 250g (da carga) do asteroide Bennu de volta à Terra, estaremos olhando para material que existia antes do nosso planeta, talvez até alguns grãos que existiam antes do nosso Sistema Solar”, disse à BBC o professor Dante Lauretta, principal pesquisador da missão.
“Estamos tentando juntar as peças do nosso início. Como a Terra se formou e por que é um mundo habitável? Qual é a fonte das moléculas orgânicas que constituem toda a vida na Terra?”
O material entregue pela Osiris-Rex será armazenado e analisado no Centro Espacial Johnson da Nasa, em Houston. A equipe irá supervisionar a distribuição da amostra para pesquisadores de todo o mundo, que irão investigá-la para diversos propósitos.
Os cientistas acreditam que asteroides ricos em compostos orgânicos, como o Bennu, podem ter ajudado no desenvolvimento de vida na Terra.
Como surgiu o projeto
A missão de coletar fragmentos do asteroide começou em 2016, quando a Nasa lançou a sonda em direção ao asteroide Bennu de 500 metros de largura.
A cápsula levou dois anos para chegar ao asteroide e mais dois anos para mapear a rocha espacial antes da equipe da missão identificar com segurança um local na superfície para retirar uma amostra do solo.
Um dos integrantes da equipe científica foi o astrofísico britânico Brian May, guitarrista da banda Queen. Ele é especialista em imagem estéreo.
May e a colaboradora Claudia Manzoni criou uma imagem 3D do asteroide a partir de imagens enviadas pela sonda. O trabalho foi importante para identificar os locais mais seguros para a cápsula colher o material.
A sonda Osiris-Rex desceu até o asteroide com mecanismo de “agarramento” na extremidade de um braço mecânico de três metros de comprimento. Em seguida, colheu fragmentos do solo do asteroide.
A Nasa considera Bennu a rocha mais perigosa no Sistema Solar. Segundo a Nasa, a rota no espaço da rocha espacial proporciona mais chances de impactar com a Terra do que qualquer asteroide conhecido. Porém, as probabilidades disso acontecer são muito baixas, semelhantes a lançar uma moeda e obter 11 caras consecutivas, de acordo com a agência espacial norte-americana.