Pressionado pela escalada da guerra aérea e pelos avanços russos no leste da Ucrânia, o presidente Volodymyr Zelensky promoveu a maior mudança em seu gabinete desde a invasão do país pela Rússia, em fevereiro de 2022. Ao todo, cinco ministros deixaram seus cargos no decorrer dos últimos dias.
Nesta quarta-feira, 4, o governo ucraniano demitiu o chanceler Dmitro Kuleba. Na véspera, o comando ucraniano dispensou o ministro da Indústria Armamentista, Oleksandr Makyshin, e outros quatro membros do gabinete.
Os titulares do ministérios da Justiça (Denys Malisuka), do Meio Ambiente (Ruslan Strilets) e da Reintegração (Iryna Vereshchuk) deixam o primeiro escalação do governo ucraniano. Além disso, Olha Stefanishyna deixou o cargo de vice-primeira-ministra.
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Com essas mudanças, metade dos 22 postos ministeriais de Zelensky está sem titulares, considerando as demissões ao longo do ano. Em 2023, o então ministro da Defesa, Oleksii Reznikov, já havia sido substituído.
Nesta quarta, o Parlamento em Kiev iniciou a votação dos novos sucessores. Zelensky justificou as mudanças em uma mensagem na véspera.
“O outono será extremamente importante para a Ucrânia”, afirmou o presidente ucraniano. “E nossas instituições estatais precisam estar configuradas de forma que a Ucrânia alcance os resultados de que precisamos.”
Zelensky vai propor aos EUA “plano de vitória’
No fim deste mês, o líder ucraniano pretende apresentar ao presidente norte-americano, Joe Biden, e aos candidatos à Presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris e Donald Trump, seu “plano da vitória” na guerra. Embora seu mandato tenha expirado em maio, Zelensky permanece no cargo devido à lei marcial que impede a realização de eleições.
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Zelensky enfrenta diversas críticas. A principal refere-se à incursão em Kursk, na Rússia, cuja estratégia permanece incerta. Embora tenha humilhado Putin, dizem analistas, a decisão enfraqueceu as defesas ucranianas no leste, onde os russos avançam em Donetsk. Isso ameaça o controle de Kiev sobre o território.
Rússia anuncia nova conquista
Nesta quarta-feira, o Ministério da Defesa russo anunciou a conquista de um vilarejo na região de Donetsk. A tentativa de forçar o presidente da Rússia, Vladimir Putin, a negociar foi rejeitada, e a reação tem sido letal. Kiev convive com a destruição causada pela invasão russa no início da guerra.
A escalada do conflito aéreo começou na semana passada, com o maior ataque de drones e mísseis do conflito. No domingo 1º, a Ucrânia respondeu com uma ação de drones contra alvos na Rússia.
A porta-voz russa, Maria Zakharova, afirmou que a resposta seria “imediata e muito dolorosa”. Na véspera, um ataque com mísseis em Poltava deixou 51 mortos.
Zelensky quer mais armas de longo alcance
O governo Zelensky condenou a ação e pediu armas de longo alcance aos aliados ocidentais, destacando que o alvo de Moscou era militar. O Instituto de Comunicações de Poltava, atingido na terça-feira 3, treina cadetes e soldados das Forças Armadas de Kiev.
O Ministério da Defesa russo confirmou que o ataque mirou um “centro de treinamento militar ucraniano com instrutores estrangeiros”.
O sigilo sobre a investigação aumenta a suspeita de que os russos sabiam onde estavam atirando.
Bombardeios preocupam Kiev
Apesar da proporção de abates, a intensidade dos bombardeios desafia a capacidade de defesa aérea de Kiev. A chegada gradual de caças F-16 norte-americanos doados por europeus não resolve o problema. Um dos aviões já foi perdido em combate.
A Romênia anunciou a doação de uma bateria antiaérea Patriot, mas Zelensky disse que seriam necessárias dezenas para uma proteção eficaz.
A reforma do gabinete de Zelensky ocorre em um momento crítico do conflito. Ele já havia trocado a chefia das Forças Armadas no início do ano. A operação em Kursk, inicialmente vista como um sucesso, agora pode se voltar contra ele.
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