A esquerda francesa, que venceu as eleições legislativas sem obter maioria absoluta, criticou nesta sexta-feira, 12, a decisão do presidente Emmanuel Macron de não formar um governo até que se construa uma “maioria sólida” no Parlamento. Eles exigem a nomeação de um primeiro-ministro de suas fileiras.
Em uma carta ao povo publicada nesta quinta-feira, 11, Macron afirmou que “ninguém venceu” as eleições de domingo e pediu a todas as forças políticas “que se identificam com as instituições republicanas […] para construírem uma maioria sólida, necessariamente plural, para o país.”
Macron disse que tomará uma “decisão sobre a nomeação do primeiro-ministro” quando as forças políticas tiverem “forjado […] compromissos”.
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O atual premiê, Gabriel Attal, havia pedido a renúncia depois do pleito, mas Macron solicitou a ele que continuasse, “por enquanto”, para “garantir a estabilidade” do país, que receberá os Jogos Olímpicos de 26 de julho a 11 de agosto.
A Nova Frente Popular (NFP), aliança de ecologistas, socialistas, comunistas e a esquerda radical, conquistou entre 190 e 195 assentos; a aliança de centro-direita de Macron, cerca de 160; e a extrema direita, representada pelo Reagrupamento Nacional (RN), de Marine Le Pen, mais de 140 cadeiras. Nenhum partido ou coalizão alcançou a maioria absoluta de 289 deputados.
Direita e centro apoiam Macron
Figuras da direita e do centro apoiaram Macron, incluindo o presidente do Senado, Gérard Larcher, que disse que a formação do novo governo pode ser adiada até o “início de setembro”.
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O dirigente centrista dissolveu a Assembleia Nacional e convocou legislativas antecipadas depois da vitória da direita nas eleições europeias de 9 de junho.
A convocação do presidente parece visar a excluir o RN e A França Insubmissa (LFI), o partido com maior número de candidatos eleitos na frente de esquerda, liderado por Jean-Luc Mélenchon. Durante a campanha, Macron criticou os “extremos”, comparando RN e LFI.
O líder socialista Olivier Faure acusou Macron de “não respeitar o voto dos franceses”, enquanto Mélenchon denunciou “maquinações” e “o retorno do veto real”.
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A NFP anunciou que vai propor um candidato a primeiro-ministro até o final da semana. Mélenchon apoia a deputada Clémence Guetté, que, aos 33 anos, oferece uma imagem menos divisiva e mais serena.
O sindicato CGT convocou os franceses a irem às ruas em 18 de julho, dia da primeira sessão da Assembleia Nacional, “para que o resultado da eleição seja respeitado”.
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