A chefe da missão de observação do Centro Carter nas eleições da Venezuela, Jennie Lincoln, declarou à agência de notícias AFP que “não há evidência” de que o sistema eleitoral tenha sofrido um ataque cibernético durante as eleições de 28 de julho.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, vencedor, mas não divulgou os resultados detalhados. O órgão informou ter havido um “ataque hacker” que atrasou as operações, sem comprometer a integridade do sistema.
Declarações de Jennie Lincoln sobre a Venezuela
Segundo Jennie, há um monitoramento quando ocorrem ataques cibernéticos. “Não houve um ataque cibernético naquela noite”, afirmou Lincoln. “A transmissão dos dados de votação é por linha telefônica e telefone satelital, e não por computador. Não perderam dados.”
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Ela lembrou que o presidente do CNE, Elvis Amoroso, prometeu publicar os resultados de todos os centros eleitorais no site do órgão e entregar um CD aos partidos políticos.
“É uma promessa que nunca cumpriu”, declarou Jennie. “O povo venezuelano foi votar. A grande irregularidade da jornada eleitoral foi a falta de transparência do CNE e a flagrante inobservância de suas próprias regras do jogo quanto a mostrar o verdadeiro voto do povo.”
Ações do Conselho Nacional Eleitoral
O CNE ainda não divulgou os boletins de urna. Na segunda-feira 5, o órgão informou ter entregue ao Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), vinculado a Nicolás Maduro, as atas e os documentos que comprovariam o ataque cibernético contra as telecomunicações do país.
Jennie acrescentou que o governo teve 12 dias para mostrar os dados das atas que receberam na noite das eleições.
“Sou cética sobre o que uma equipe de verificação internacional poderia fazer que já não tenha sido feito pelas testemunhas, que produziram as verdadeiras atas da noite”, completou a integrante do Centro Carter.
Acusações de fraude pela oposição
A oposição acusa fraude e afirma que seu candidato, Edmundo González Urrutia, venceu. Para sustentar a alegação, criaram uma plataforma de contagem de votos com a digitalização dos boletins de urna coletados no dia da eleição.
Segundo Jennie, o Centro Carter “analisou os números” disponíveis em parceria com outras organizações e universidades. Dessa forma, a entidade “confirma Edmundo González como o vencedor, com mais de 60% dos votos”.
Sistema eleitoral da Venezuela
Na Venezuela, os eleitores votam em equipamentos eletrônicos, semelhantes aos usados no Brasil. No entanto, o sistema venezuelano inclui um voto impresso, que é depositado pelo eleitor em uma urna física lacrada ao lado.
Cada urna eletrônica também imprime uma ata eleitoral ao final da votação, que mostra o resultado (quantos votos cada candidato recebeu naquele equipamento) e a contabilização de brancos, nulos e abstenções.
Procedimentos de envio dos boletins de urna
Os boletins de urnas são enviados eletronicamente ao CNE por meio de uma rede criptografada, não pela internet.
Cópias do documento, impressas pela máquina, são entregues aos representantes de cada partido. As legendas podem divulgar livremente esses boletins de urna.
A oposição utilizou essas cópias das atas para declarar que Nicolás Maduro perdeu as eleições. Aliados de Edmundo González coletaram boletins de urnas emitidos localmente e tabularam todos os documentos para chegar ao resultado. A oposição afirmou ter tido acesso a 83,5% das atas.