Aurora Superlano, mulher de Freddy Superlano, opositor preso pela ditadura de Nicolás Maduro, usou o perfil do marido nas redes sociais para relatar que não tem notícias do ex-deputado há mais de 24 horas. Superlano foi detido por autoridades do regime chavista na terça-feira 30.
O casal tem duas filhas. Assim como o marido, Aurora é ativista no partido Voluntad Popular, que tem apoiado a campanha da líder da oposição María Corina Machado e seu candidato, o ex-diplomata Edmundo González.
Mi esposo Freddy, Rafael y Renso cumplen 24 horas desaparecidos tras el secuestro orquestado por el régimen el día de ayer.
— Freddy Superlano (@freddysuperlano) July 31, 2024
El mundo me pregunta si he logrado saber algo de Freddy, mi respuesta ha sido la misma, no he logrado saber de él, ni de los muchachos.@AuroraSuperlano pic.twitter.com/6keSNfXsK8
De acordo com o Voluntad Popular, fontes ligadas ao chavismo informaram à sigla que Superlano está sendo torturado na prisão. O objetivo das agressões seria fazer o ex-deputado admitir que a oposição tem um “plano traçado” para “tomar” o país, assim dando força à narrativa do regime.
O partido solicitou ajuda ao escritório de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU).
🚨 ALERTA INTERNACIONAL: Responsablemente debemos denunciar al país a esta hora que hemos recibido informaciones desde fuentes vinculadas al chavismo sobre la práctica de torturas contra nuestro Coordinador Político Nacional Freddy Superlano, con el objetivo de hacerlo confesar…
— Voluntad Popular (@VoluntadPopular) July 31, 2024
A prisão de Superlano ocorre em meio ao cerco à oposição na Venezuela. Também na terça-feira, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, pediu a prisão de María Corina Machado e do ex-diplomata Edmundo González, substituto da oposicionista, por suposta tentativa de golpe de Estado e por interpelarem o resultado da eleição.
“O Ministério Público tem de atuar não somente contra os delinquentes que estão nas ruas, mas também deve mirar os chefes, que têm de ir presos”, disse, durante uma sessão no Parlamento. “E, quando digo chefes, refiro-me a María Corina Machado e Edmundo González Urrutia, porque ele é chefe da conspiração fascista que querem impor na Venezuela.”
Ainda conforme Rodríguez, “com o fascismo não se pode ter contemplações, com o fascismo não se dialoga”. “Ao fascismo não se dão benefícios processuais”, disse. “O fascismo não se perdoa, quando se perdoa quase acaba com o planeta, quase acaba com a humanidade.”
A ditadura chavista também abriu uma investigação contra María Corina por “fraude eleitoral”. De acordo com Tarek Saab, María Corina tentou “adulterar as atas” da disputa pela Presidência. Saab associou ainda a ex-deputada a um suposto ataque hacker aos sistemas do Conselho Nacional Eleitoral.
Maduro quer prender por ‘no mínimo’ 15 anos quem protestar contra resultado das eleições
Em um pronunciamento televisionado na terça-feira 30, o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que quem for pego protestando contra o resultado das eleições será preso por, no mínimo, 15 anos. Ele também disse que “não haverá perdão”.
“E o peso da lei será aplicado a eles”, declarou Maduro. “No mínimo, passarão na cadeia, no mínimo, no mínimo, pela medida mais baixa, 15 anos por crimes. De 15 a 30 anos, me diz aqui o procurador-geral [Tarek William Saab]. E desta vez não haverá perdão. O grande coração do perdão ficará para outra época. Agora, não.”
O ditador Nicolás Maduro disse que quem for apanhado protestando ou criticando as eleições ou dizendo que foram fraudadas, passará de 15 a 30 anos na cadeia. pic.twitter.com/UW3KZW1Y5y
— Hoje no Mundo Militar (@hoje_no) July 30, 2024
O país enfrenta uma onda de protestos desde a divulgação do resultado do pleito, ocorrida na madrugada da segunda-feira 29. De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, controlado pelo regime chavista, Maduro foi proclamado presidente “reeleito”, com 51,2% dos votos.
O candidato da oposição liderada por María Corina Machado, Edmundo González, aparece com 44,2% dos votos. A coalizão de direita, no entanto, afirma que González foi o verdadeiro vencedor, com 73%. Também na terça-feira, María Corina e González divulgaram um site para consultar as atas da eleição.
De acordo com chefe do Ministério Público da Venezuela, Tarek Saab, a ditadura já prendeu 749 manifestantes que expressaram descontentamento com os resultados divulgados pelo regime. Eles serão processados por “terrorismo”.
Segundo o Código Penal da Venezuela, quem for condenado por um dos crimes apontados pelo chavismo pode pegar de um mês a dez anos de prisão.
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