Três detentos morreram e seis ficaram feridos em um motim na Penitenciária Regional de Guayaquil, maior cidade do Equador, que enfrentou uma nova onda de violência nesta quinta-feira, 28. Segundo a polícia, pelo menos 13 incidentes violentos foram relatados durante a madrugada.
A rebelião aconteceu apesar do estado de exceção, que colocou as Forças Armadas no comando das prisões. Os detentos atearam fogo em colchões durante toda a madrugada de ontem, até que os militares retomaram o controle da prisão pela manhã.
Segundo autoridades, as mortes foram causadas por brigas dos próprios presos e não têm relação com a ação militar. Armas, munições e explosivos foram encontrados no local durante uma inspeção.
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A penitenciária tem cerca de 4,4 mil detentos e é a mesma de onde escapou em janeiro o narcotraficante Adolfo Macías, conhecido como “Fito”, líder de uma das maiores facções criminosas do país. A fuga desencadeou uma onda de violência que incluiu homicídios, ataques a veículos de imprensa, explosões e mais de 200 sequestros, o que levou o presidente Daniel Noboa a declarar estado de exceção.
Segundo as autoridades, a maioria dos detentos da penitenciária faz parte da facção liderada por Fito, que a controlava até o início do estado de exceção. O general Víctor Herrera e o vice-ministro de Segurança do Equador, Lyonel Calderón, atribuíram a causa do motim à insatisfação dos presos com a presença dos militares.
Onda de crimes em Guayaquil
Enquanto a rebelião acontecia, uma série de crimes foi registrada em diversos pontos de Guayaquil. Criminosos atearam fogo em veículos e postos de combustíveis em pelo menos 13 ocorrências registradas pela polícia.
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Segundo Calderón, os crimes são uma tentativa de desestabilizar o Equador na véspera de um plebiscito sobre o endurecimento de leis de combate ao crime, marcado para 21 de abril. O vice-ministro ainda relacionou as ações criminosas aos depoimentos do “caso Metástase”, que investiga a relação do tráfico de drogas com autoridades do país.
“Não é por acaso que ainda hoje, quando vão ser realizados alguns dos primeiros depoimentos em um caso muito importante, estas situações começam a ocorrer”, declarou Calderón.
Ainda na manhã desta quinta-feira, cerca de 200 parentes de presos queimaram pneus nas ruas da cidade e foram para frente da penitenciária para protestar por mais informações sobre os detentos. Eles também acusam os militares de praticarem maus tratos contra os detentos.
“Nos últimos dois meses, eles [os presos] estão nus, só com as roupas íntimas, dormindo no chão, fazendo apenas uma refeição por dia”, afirmou a mãe de um dos detentos, identificada como Patricia Pluas.
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Revista Oeste, com informações da Agência Estado, do jornal O Estado de S. Paulo e de agências internacionais