O Parlamento do Líbano elegeu Joseph Aoun, chefe do Exército, como o novo presidente do país. A eleição desta quinta-feira, 9, encerrou um período de cerca de dois anos sem um chefe de Estado.
Em seu discurso de posse, Aoun propôs uma reforma penal e judiciária. “Não haverá imunidade para criminosos ou corruptos”, disse, em recado ao Hezbollah. “Não há lugar para máfias, tráfico de drogas ou lavagem de dinheiro no Líbano.”
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Aoun ainda enfatizou a resiliência e a unidade da nação. “O Líbano é tão antigo quanto a própria história”, refletiu o presidente recém-eleito. “Não importa nossas diferenças, em tempos de crise, nos apoiamos mutuamente. Se um de nós cai, todos caímos.”
O novo presidente também reconheceu a necessidade de mudanças no sistema político do país. “Meu mandato começa hoje, e me comprometo a servir todos os libaneses, onde quer que estejam, como o primeiro servidor do país, respeitando o pacto nacional e exercendo plenamente os poderes da Presidência como um mediador imparcial entre as instituições”, prometeu.
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Líbano no fogo cruzado entre Hezbollah e Israel
A relação entre Israel, Líbano e Hezbollah tem sido marcada por tensões e conflitos que se intensificaram nos últimos meses. Em outubro de 2023, depois de um ataque do Hamas a Israel, o Hezbollah, grupo xiita libanês apoiado pelo Irã, intensificou suas ações na fronteira entre o Líbano e Israel.
O conflito teve um impacto devastador sobre a população civil, especialmente no Líbano. Mais de mil libaneses foram mortos e cerca de 1 milhão de pessoas — um quinto da população — foram deslocadas de suas casas. Em Beirute, famílias desabrigadas buscaram refúgio em áreas como a Baía de Zaitunay, onde enfrentaram condições precárias.
Um acordo de cessar-fogo, assinado em novembro de 2024, previa uma suspensão de dois meses nos combates, a retirada das forças do Hezbollah do sul do Líbano e o retorno das tropas israelenses ao seu território.
Embora a trégua tenha reduzido temporariamente as hostilidades, a situação permanece frágil. Questões como o direito de Israel a retaliar em caso de violações do acordo e a presença contínua do Hezbollah no sul do Líbano continuam como pontos de discórdia.
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