Um estudo recente realizado por cientistas do Instituto de Biologia da Universidade de Campinas (IB-UNICAMP) indica que a grande variação de tamanho entre espécies de cetáceos, incluindo baleias, golfinhos e até botos, pode ser explicada pela atividade de regiões genéticas específicas. Os pesquisadores falam também sobre a relação entre a genética das criaturas gigantes e a cura do câncer.
As baleias azuis (Balaenoptera musculus), o maior animal — marinho ou terrestre —, por exemplo, podem crescer até 30 metros de comprimento; já o golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) não passa de 3,5 metros. A pesquisa da instituição brasileira não somente ajuda a entender essas discrepâncias de tamanho, como também pode ajudar no tratamento contra o câncer.
Ao analisar uma sequência determinada de DNA, os cientistas descobriram um gene específico que revelou relações intrigantes entre os cetáceos. O gene NCAPG pode ser o responsável pela proliferação descontrolada de células em animais adaptados para o crescimento maciço.
Nós encontramos na região promotora do gene NCAPG uma divisão entre aquelas criaturas com comprimento maior ou menor que 10 metros, gigantes ou não gigantes
Felipe Silva, primeiro autor do novo artigo e geneticista do IB-UNICAMP
Criaturas gigantes
A geneticista Mariana Nery, também do IB-UNICAMP, falou sobre as descobertas: “Nossas descobertas não alteram a árvore evolutiva do grupo, mas constituem uma nova evidência de que o tamanho gigante tem base genômica”.
Isso porque, segundo os pesquisadores, as proteínas que regulam o tamanho do corpo dos animais marinhos eram mais ativas nos cetáceos gigantes, explicando o porquê da cachalote (Physeter macrocephalus), que é gigante mas tem dentes, estar relacionada com os Mysticeti, que também são gigantes mas não têm dentes.
A equipe de brasileiros especulou que as regiões reguladores do tamanho dos animais poderiam não só ter um efeito sobre as dimensões físicas dos cetáceos, como também influenciar a sua capacidade de suprimir o câncer.
“Os humanos também possuem esses genes, então seria interessante saber mais sobre como eles suprimem a formação de tumores nesses animais. Esse conhecimento poderia ajudar a desenvolver futuros tratamentos contra o câncer através da ativação ou inibição de regiões específicas do genoma, por exemplo”, completa Nery.
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