O brasileiro Caio Bonfim conquistou a medalha de prata na marcha atlética 20 km nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. A prova, realizada nas proximidades da Torre Eiffel, teve a participação de atletas de alto nível. Bonfim completou o percurso em 1:19:09 e ficou atrás apenas do equatoriano Daniel Pintado, vencedor do ouro. O espanhol Álvaro Martin levou o bronze.
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Essa conquista representa uma grande redenção para o brasileiro, que terminou em quarto lugar na Rio 2016, apenas cinco segundos atrás do medalhista de bronze, Dane Bird-Smith.
Em Tóquio 2020, Bonfim teve um desempenho mais modesto e finalizou na 13ª colocação.
Recuperação de liderança parcial na marcha atlética
Na prova desta quinta-feira, 1º, ele começou à frente, mas logo cedeu posições enquanto ajustava seu ritmo. Ao atingir a marca de 10 km, Bonfim recuperou a liderança, embora os atletas ainda estivessem próximos.
Dois quilômetros depois, ele caiu para a 19ª posição, mas permaneceu próximo ao grupo de elite. Nos últimos 6 km, Bonfim aumentou o ritmo e se aproximou de Pintado, sendo seguido de perto pelo italiano Massimo Stano e pelo espanhol Álvaro Martin.
Disputa acirrada na última volta
Na última volta, Pintado se distanciou, terminando 14 segundos à frente de Bonfim, enquanto Martin ficou apenas dois segundos atrás do brasileiro. Stano, atual campeão olímpico, terminou em quarto, um segundo atrás de Martin.
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“Depois de Tóquio, eu sentei comigo mesmo e falei: ‘E aí, cara, é isso mesmo que você pode fazer?’, lembra o atleta. “Um cara perguntou: ‘Foi difícil essa prova?’. Não, difícil foi o dia que marchei na rua pela primeira vez e fui xingado. Falei para o meu pai: ‘Eu estou pronto, eu quero ser marchador. Esse foi o dia que eu decidi ser xingado sem nenhum problema. Isso aqui é muito difícil, tem que ter muita coragem para viver de marcha atlética”, relatou emocionado o medalhista, em entrevista à Cazé TV, logo depois da prova.
Confira o depoimento do brasileiro Caio Bonfim, vencedor da medalha de prata na marcha atlética nos Jogos Olímpicos de Paris 2024:
Entrevista forte do Caio Bonfim, medalhista de prata na marcha atlética do Brasil 🇧🇷
— Noite de Copa (@Noitedecopa) August 1, 2024
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História de superação
Desde antes de nascer, a marcha atlética já fazia parte da vida de Caio Bonfim. Sua mãe, Gianette Bonfim, foi atleta e conquistou oito títulos brasileiros na modalidade. Treinada por João Sena, seu marido e pai de Caio, a família toda continua envolvida com o esporte.
Caio Bonfim mora em Sobradinho (DF), com sua mulher e filhos, e é treinado pelos pais. Seus treinos ocorrem nas ruas da cidade e no estádio Augustinho Lima, onde a família também organiza o projeto Centro de Atletismo de Sobradinho.
A técnica específica da marcha atlética
A marcha atlética se destaca no atletismo por sua técnica específica. O atleta deve manter a perna da frente estendida ao tocar o solo, e o pé de trás só pode sair do chão quando o calcanhar do pé da frente tocar o solo.
Antes de dominar essa técnica, Caio enfrentou grandes desafios. Aos 7 meses de vida, ele teve meningite e, posteriormente, duas pneumonias graves. Na infância, ele não consumiu derivados de leite devido a uma intolerância, o que enfraqueceu seus ossos, deixando suas pernas arqueadas.
Superação desde a infância
Caio precisou de uma cirurgia aos 3 anos de idade para realinhar suas pernas. Segundo o ortopedista Álvaro Nomura, “a deformidade chamava muita atenção”. Os médicos acreditavam que ele teria dificuldades para caminhar, quanto mais para marchar.
Hoje, Caio Bonfim é o principal nome da marcha atlética no Brasil, com dois bronzes em campeonatos mundiais, 12 títulos brasileiros, o quarto lugar na Olimpíada do Rio 2016 e o recordista sul-americano na marcha de 20 km. Ele ocupa a terceira posição no ranking mundial e agora carrega a medalha de prata nos Jogos Olímpicos, uma conquista inédita para o seu país.
Representantes do Brasil na marcha atlética
O Time Brasil também contou com a participação de Matheus Correa e Max Batista na prova masculina. Na prova feminina, competiram as brasileiras Gabriela de Sousa, Viviane Lyra e Erica Sena.
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