Bashar Al-Assad, ditador deposto da Síria neste domingo, 8, deu sequência ao governo de seu pai, Hafez Al-Assad. Durante 30 anos, Hafez comandou a era de repressão vivida pelo povo sírio que perdura até os dias de hoje.
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Hafez al-Assad nasceu em 6 de outubro de 1930, na aldeia de Qardaha, no noroeste da Síria. Sua família, de origens camponesas, pertencia à minoria religiosa alauíta, frequentemente desprezada pela maioria sunita do país. Apesar das dificuldades, Hafez se tornou o primeiro de sua família a frequentar uma escola.
Na infância, Assad viveu em um ambiente marcado pela pobreza, mas também pela tradição de autonomia tribal e religiosa. Durante a adolescência, foi enviado para estudar em Latakia, onde enfrentou preconceitos por sua origem alauíta e humilde.
A carreira militar foi o caminho que permitiu a Hafez superar suas limitações de classe e status. Ele ingressou na Academia Militar de Homs, onde se destacou como um aluno disciplinado e ambicioso, segundo a densa biografia Asad of Syria: the struggle for the Middle East (sem tradução no Brasil), de autoria do jornalista britânico Patrick Seale.
Posteriormente, recebeu treinamento na União Soviética, onde aprimorou suas habilidades técnicas e ampliou sua compreensão de estratégias militares e políticas. De volta à Síria, Assad subiu rapidamente na hierarquia militar e se tornou comandante da força aérea em 1964.
Aquela década foi um período de intensa instabilidade política na Síria, marcada por golpes frequentes e conflitos internos entre facções do partido Ba’ath, que havia chegado ao poder em 1963. Hafez al-Assad emergiu como uma figura pragmática e calculista nesse cenário.
Em 1970, depois de um período de divisões dentro do partido e uma tentativa de golpe contra ele, Assad liderou o “Movimento Corretivo”. Este golpe não apenas o colocou no comando, mas também estabeleceu as bases para um governo centralizado e autoritário.
O governo de Hafez Al-Assad
Assad assumiu o cargo de primeiro-ministro e, em 1971, foi eleito presidente em um referendo com pouca transparência. Seu governo consolidou um regime baseado no controle rígido de instituições políticas e militares, bem como na supressão de dissidentes.
Durante as três décadas de seu governo, Assad adotou uma abordagem dupla: enquanto buscava projetar a imagem de um líder modernizador e protetor da soberania síria, empregava medidas duras contra qualquer oposição, seja interna ou externa.
Internamente, ele reforçou o papel do partido Ba’ath como a espinha dorsal do Estado e promoveu uma narrativa nacionalista que vinculava seu regime à unidade árabe e à resistência ao imperialismo. No entanto, essa unidade era imposta por meio da força.
O massacre de Hama, em 1982, é o exemplo mais emblemático da brutalidade de seu governo. Quando o grupo Irmandade Muçulmana desafiou seu regime, Assad respondeu com força militar desproporcional, o que resultou em milhares de mortos e na destruição de partes da cidade.
Externamente, Assad posicionou a Síria como um ator estratégico na política do Oriente Médio. Ele equilibrou suas relações com potências globais, como a União Soviética e os Estados Unidos, ao mesmo tempo em que influenciava eventos regionais, como o conflito palestino e a guerra civil libanesa.
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Hafez-al Assad planejava manter seu clã no poder. A primeira escolha para sucedê-lo foi seu irmão Rifaat, mas foi exilado do país quando tentou tomar o poder em 1983, em meio a problemas de saúde de Hafez.
Com isso, Assad preparou cuidadosamente seu primogênito, Bassel al-Assad, para que o sucedesse no governo sírio. No entanto, sua morte em 1994, com 31 anos, mudou seus planos. Assim, Bashar al-Assad, que estudava oftalmologia em Londres, teve que assumir o posto de sucessor.
Hafez al-Assad morreu em 10 de junho de 2000 e deixou um legado controverso. Para seus apoiadores, ele foi um líder que garantiu estabilidade em um país historicamente fragmentado. Para a maioria do povo sírio, no entanto, foi um ditador cuja repressão brutal sufocou qualquer possibilidade de reforma política.
Na revolução deste fim de semana, manifestantes derrubaram uma estátua em sua homenagem na cidade de Hama. Vídeos publicados nas redes sociais mostram que multidões gritavam “Deus é grande”, enquanto opositores removiam o monumento.
Leia também: “Falta o Irã”, artigo de Augusto Nunes publicado na Edição 237 da Revista Oeste
POBRE SÍRIA …..
o que o pai – Hafez…. Bashar fez muito pior.
e agora josé, como vai ficar o país …. nas mãos de terroristas ?
POBRE SÍRIA …..
Que Deus proteja a Siria. É um povo trabalhador que merece agora liberdade afastando o terrorismo de suas terras.