A Organização das Nações Unidas (ONU) publicou, em janeiro, um relatório com provas de que, durante a guerra civil da Síria, de 2011 a 2024, o governo do ditador Bashar al-Assad cometeu inúmeros crimes, com detenções arbitrárias, tortura e desaparecimentos forçados.
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O grupo de especialistas da entidade foi liderado pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro. O texto relata que a conduta do governo sírio foi marcada por “graves violações sistemáticas do Direito Internacional.”
Com todas esses crimes comprovados, depois de quase 14 anos de investigação, segundo confirmou a ONU, o portal da entidade, no entanto, colocou como manchete a seguinte frase: “Relatório revela supostos crimes de guerra, repressão e tortura do regime de Assad”.
A utilização do termo “suposto” sugere que a entidade tem mesmo aspectos tendenciosos ao analisar e denunciar a violência que assola muitos países árabes. Quando se refere a Israel, ao contrário, a entidade não tem dúvidas em afirmar que o país comete “atos genocidas” contra palestinos.
“A única forma de entender isto é uma pré-disposição de alguns organismos internacionais de atacar Israel deliberadamente”, afirma a Oeste Ricardo Berkiensztat, presidente-executivo da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp).
Quando o tema é Israel, muitas das análises se baseiam em conjecturas, sem as devidas provas, como a de que as Forças de Defesa de Israel (FDI) destruíram propositalmente e sistematicamente unidades de saúde das mulheres durante o conflito em Gaza, para evitar reprodução da população palestina. E acusa os militares israelenses de usarem a violência sexual como estratégia de guerra.
As afirmações não só contrariam todas as diretrizes das FDI, segundo o governo israelense, como também, segundo estas autoridades, são mentirosas.
“As FDI têm diretrizes concretas… e políticas que proíbem inequivocamente tal má conduta”, declarou, como resposta, a missão permanente da ONU em Genebra.
A ONU costuma utilizar como base números do grupo terrorista Hamas, disfarçando o viés da informação ao atribuir os dados ao Ministério da Saúde de Gaza — órgão controlado diretamente pelos terroristas baseados na Faixa de Gaza.
Para Berkiensztat, a tendência de a ONU condenar indiscriminadamente Israel se deve em parte à pressão de países árabes, em muito maior número.
“A geopolítica mundial, principalmente na ONU, mostra uma disparidade de cerca de 45 países muçulmanos e apenas um Estado judeu”, prossegue o dirigente da Fisesp. “É uma luta desigual.”
Falta de vontade da ONU
Os levantamentos em Gaza, muitas vezes, são atualizados poucas horas depois de um comunicado anterior e também não têm a consistência de uma pesquisa de 14 anos, como esta feita na Síria.
É sabido, por exemplo, que a maioria dos terroristas do Hamas utiliza roupas de civis, justamente para confundir o Exército israelense.
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“O desconhecimento e a falta de vontade de se aprofundar nos temas da região fazem com que as conclusões sejam precipitadas e, na maioria das vezes, equivocadas quando o tema é Israel”, avalia Berkiensztat.
Oeste contatou a ONU a respeito do tema, mas não obteve retorno.