Os 240 reféns israelenses e estrangeiros nas mãos do Hamas não são uma preocupação para as organizações em defesa dos direitos humanos. Nem mesmo o fato de bebês, crianças, mulheres e velhos estarem entre os sequestrados comove os indignados profissionais. O massacre de 1,2 mil israelenses também não, como se essa monstruosidade fosse decorrência natural de uma guerra (que não estava em curso). O estupro de mulheres israelenses pelos terroristas? Ignore-se. Como a esmagadora maioria das vítimas do massacre é composta por judeus, tudo bem.
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Eles até merecem, haja vista a opressão histórica de Israel sobre os palestinos, não é mesmo? Para os indignados profissionais, a defesa dos direitos humanos tem limite: os judeus. Se você é judeu, a sua humanidade é relativa. Você, inclusive, não pode reagir militarmente à brutalidade cometida por invasores. Os milhares de civis usados pelo Hamas como escudos humanos são problema exclusivo dos israelenses, não dos próprios palestinos na sua servidão voluntária aos terroristas.
As organizações em defesa dos direitos humanos são seletivas na sua indignação e nas suas denúncias, porque integram o campo ideológico da esquerda. A velha esquerda stalinista era explicitamente antissemita. A esquerda woke, politicamente correta, continua a ser antissemita, mas o é de maneira dissimulada.
Estava reunindo os apontamentos acima quando me deparei com uma entrevista do filósofo francês Alain Finkielkraut ao jornal francês Le Figaro. “O novo antissemitismo se faz passar por um antirracismo”, disse ele ao dissecar o fenômeno a que estamos assistindo, na mesma linha que eu ia, mas sem a sua competência, obviamente.
É uma entrevista esclarecedora, muito didática, da qual transcrevo trechos a seguir:
Israelo-centrismo planetário
“Esse israelo-centrismo planetário é uma coisa espantosa. Nenhum outro conflito provocou uma tal mobilização. Por que os jovens árabe-muçulmanos, que consideram os palestinos oprimidos como irmãos, são indiferentes à sorte dos uigures e dos ruaingas? Porque, diante dos palestinos, erguem-se os judeus.
Por que, nos campus norte-americanos, arranca-se consciensiosamente as fotos dos reféns do Hamas e da Jihad Islâmica? Por que a Universidade Jean-Jaurès, em Toulouse, está coberta de pichações nas quais se pode ler: ‘Gaza se expande, a descolonização já começou’ ou ‘Glória aos jovens de Gaza’?
Porque, como já escrevia Octavio Paz, pervertemos a tradição crítica que mantinha as nossas sociedades em um diálogo permanente com si própria e entramos no ódio do nosso mundo. O wokismo, que substituiu a ideologia comunista, designa o supremacismo branco como o mal absoluto e faz do Israel conquistador a quintessência desse mal.
O Grande Israel é uma ideia perigosa, mas basta olhar um mapa para constatar que é também uma realidade minúscula. Pouco importa para a nova geração antiimperialista: George Floyd foi morto por policiais formados em Israel. O antissemistimo contemporâneo repousa sobre o ódio ao Estado judaico.”
O novo ódio nunca terá má consciência
“Desde a ignominiosa resolução da ONU que fez do sionismo uma forma de racismo, não se cola mais a estrela amarela e sim a suástica no peito dos judeus. Aqueles que acreditam ser possível lutar ao mesmo tempo contra o antissemitismo e o racismo estão, portanto, errados. Erraram de época. A quem lembra o Holocausto, a fim de opor-se ao novo antissemitismo, responde-se que os judeus de Israel fazem com os palestinos o que os nazistas fizeram com os judeus. Esse ódio nunca terá má consciência. A sua inocência é até o seu aspecto mais preocupante, com o seu apoio aos ‘nazistas sem prepúcio’.”
Atribuição rápida de culpa a Israel
Os bombardeios da coalizão internacional em Mossul e Raqqa foram indiscriminados e desproporcionais, não os do exército israelense em Gaza. E são os milicianos do Hamas que atiram nos civis e nos pacientes dos hospitais quando eles tentam sair, sob proteção israelense, da zona de combate. ‘Os israelenses não se recuperaram de terem sido tão rapidamente considerados culpados’, disse o historiador e militante da paz Denis Charbit. A continuação ininterrupta dos assentamentos na Cisjordânia é uma loucura. A presença no governo israelense de fanáticos que consideram o assassino de Rabin um herói é um escândalo. Mas a mobilização contra o antissetimismo não faz sentido se não for acompanhada de um pouco de compreensão com Israel. Há alguns anos, David Grossman escreveu: ‘Israel não conseguiu curar a alma judaica de sua feria fundamental: a sensação de nunca estar em casa no mundo’. Desde 7 de outubro, essa ferida está viva.”
Os palestinos precisam fazer um gesto aos palestinos
“Em outubro de 1980, em carta aberta a Menahem Begin, o grande historiador J.L. Talmon escreveu: ‘Nos nossos dias, o único meio de alcançar a uma coexistência entre os povos é separá-los, por mais que isso pareça irônico e decepcionante’.
Essa separação nunca foi tão necessária, mas, depois do ataque de 7 de outubro, ela é quase impossível. Os palestinos Cisjordânia festejaram o massacre. Como os israelenses podem lhes dar um Estado que colocaria o país inteiro ao alcance de mísseis e de ataques mortíferos? O Hamas deu um golpe talvez fatal na solução de dois Estados. Diz-se que os israelenses devem fazer um gesto aos palestinos. É verdade, e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não é realmente o homem indicado. Mas Yasser Arafat disse não às propostas de Ehud Barak em Camp David, Mahmoud Abbas deu negativa idêntica a Ehud Olmert em Annapolis. Seria necessário também que os palestinos fizessem um gesto aos palestinos.”
Algumas observações
PS: Ao comentar a chegada dos brasileiros de passaporte que estavam em Gaza, o ministro da Justiça, Flávio Dino, comparou no ex-Twitter Israel ao rei Herodes, mandante do massacre dos inocentes. A Confederação Israelita do Brasil protestou, dizendo que o ministro demonizava os judeus e, assim, estimulava o antissemitismo e o discurso de ódio. O ministro respondeu que a Bíblia que ele lê prega a paz e a fraternidade, que Jesus Cristo, um judeu, era contra todos os preconceitos e, por isso, falava em proteger as crianças.
- Ponto 1
O Hamas usa crianças palestinas como escudos humanos e massacrou bebês e crianças israelenses.
- Ponto 2
Antissemitismo começou no Ocidente cristão justamente com esse tipo de comparação de caráter religioso feita por Flávio Dino, a dos judeus pérfidos que assassinavam crianças e mataram Jesus Cristo, um judeu que ousou mostrar aos outros judeus o caminho da verdade e foi crucificado pela sua ousadia.
Leia também: “A menina da ‘Noite dos Cristais'”, reportagem de Eugenio Goussinsky publicada na Edição 191 da Revista Oeste
Israel está certo porque o Hamas é errado. O Hamas é indefensável por qualquer um que tenha algum neurônio. A Palestina é escrava do Hamas e não de Israel. Israel incomoda toda a esquerda podre woke descendente do comunismo e do nazismo. Israel continua como era. Quem errou foi o Mundo da Segunda Guerra para cá. Falhou feio em produzir tanta gente ignorante e sem valores claros. Valores são caros. Não são delegáveis. A geração atual é filha de 2 gerações anteriores que são medíocres e omissas. Agora a conta chegou.
Sinto tristeza, dor, ódio o que estão fazendo com o povo Israelense, se uma vida de um brasileiro como eu, acabasse com essa injustiça e perseguição que durante séculos ele estão sofrendo, seria eu voluntário de ser assassinado pelo Hamas, como uma só vida para eles não satisfaz. Estarei na torcida que Israel varra do mapa esses assassinos impiedosos e cruéis. Malditos Hamas.