A marca Pierre Cardin, sempre sinônimo de elegância, tem passado por um período de turbulência. Depois da morte do famoso estilista, em dezembro de 2020, por causa de complicações da covid-19, a herança dele motivou uma disputa familiar que abalou o mundo da moda. O espólio virou alvo de uma batalha jurídica que envolve sobrinhos e sobrinhos-netos. Cardin nunca se casou nem teve filhos.
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Entre uma holding e suas subsidiárias, licenças, marcas e imóveis, em Paris e no sul da França, a herança está avaliada em cerca de 800 milhões de euros (cerca de R$ 4,24 bilhões, na cotação atual).
Rodrigo Basilicati-Cardin, neto italiano de 52 anos do irmão mais velho de Cardin, Erminio, trabalhou por mais de 20 anos com o tio-avô. Tornou-se gerente geral da holding Pierre Cardin Evolution e foi diretor artístico da marca Pierre Cardin, que surgiu no mundo da alta-costura em 1952.
Em 2018, ele adotou o sobrenome Cardin e, agora, por ter atuado junto ao criador da marca, reivindica para si a herança. Em março último, Basilicati-Cardin organizou o retorno da marca ao calendário oficial do prêt-à-porter (produção em escala industrial) feminino em Paris, depois de ficar 25 anos afastada.
Briga jurídica tem acusações e apresentação de testamento rejeitado
Mas os outros mais de 20 sobrinhos e sobrinhos-netos, primos de seis ramos familiares, se consideram os legítimos herdeiros.
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Quatro dessas primas, Patricia, Laurence, Régine e Marie-Christine (netas de Giovanna Cardin, irmã de Cardin), entraram com ações judiciais e queixas criminais contra Basilicati-Cardin. Ele foi acusado, entre outros, de crimes como abuso de idosos e falsificação. Uma das acusações foi rejeitada em junho.
Já Basilicati-Cardin disse que encontrou, em 2022, um testamento datado de 10 de novembro de 2016, no apartamento de Cardin, em Paris. Ele diz que a continuidade da marca sob controle familiar era um desejo de Pierre Cardin.
A dita descoberta de Basilicati-Cardin ocorreu bem na época em que o restante da família recebeu uma oferta de 800 milhões de euros (cerca de R$, 4,24 bilhões), de um grupo francês para adquirir a marca Cardin.
O juiz do caso, porém, declarou inválido o testamento, o que fez Basilicati-Cardin apelar da decisão. A decisão do tribunal de apelações de Paris deverá sair até o fim do ano. Em 2 de novembro próximo, os argumentos das partes serão ouvidos.