Em 2008, arqueólogos encontraram um pingente medieval em uma pilha de lixo em Mainz, na Alemanha, que pode conter pequenos fragmentos de ossos do corpo de um santo. Restauradores do Centro Leibniz de Arqueologia (Leiza, na sigla em alemão) trabalharam 500 horas para a limpeza da ferrugem do artefato.
“Geralmente, essas relíquias contêm uma tira de pergaminho mostrando o nome do santo”, disse Matthias Heinzel, restaurador do Leiza, em comunicado da Universidade Técnica de Munique. “Neste caso, infelizmente não podemos ver um.”
Os dados constam em um estudo publicado no site do Centro Heinz Maier-Leibnitz (MLZ, na sigla em alemão), em setembro do ano passado. A descoberta foi anunciada durante a conferência Metal 2022, do Comitê de Conservação do Conselho Internacional de Museus.
Os arqueólogos primeiro tiraram raios X, na tentativa de conseguir ver o que havia dentro da peça, mas a técnica não revelou muito. “Nas imagens de raios X, materiais orgânicos e inorgânicos, como tecidos e ossos, são ofuscados opticamente por metal e esmaltes circundantes”, disse Heinzel.
Os pesquisadores obtiveram sucesso com a tomografia de nêutrons, método de tecnologia avançada que usa nêutrons para criar imagens 3-D de objetos sem danificá-los. De acordo com o restaurador da Leiza, “os nêutrons mostram um comportamento de absorção quase contrário aos raios X”.
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Como é o pingente medieval
Com imagens de Jesus, Maria e outras figuras religiosas, o pingente mede 6 centímetros (cm) de altura por 6 cm de largura, com pouco mais de 1 cm de espessura. O artefato é datado do final do século 12 e foi feito em uma oficina em Hildesheim, cidade no norte da Alemanha.
Os pesquisadores o encontraram há 14 anos, durante uma escavação na seção histórica da Cidade Velha de Mainz, no oeste da Alemanha. Existem apenas outros três objetos da oficina de Hildesheim conhecidos do mesmo tipo e estão localizados em Boston, Roma e Halberstadt, na Alemanha.
A descoberta foi apresentada durante uma reunião do grupo de trabalho de metais do Conselho Internacional de Museus–Comitê para Conservação. Graças às técnicas de imagem não prejudiciais, o pingente permanece intacto e agora é exibido no Mainz State Museum.
“Consideramos nosso dever preservar o objeto em sua autenticidade histórica o mais completamente possível para as gerações futuras e aproveitar as oportunidades modernas de investigação não destrutiva”, disse Heinzel.