Médicos começaram a experimentar em pacientes a primeira vacina contra o câncer de pulmão. O imunizante utiliza a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA), a mesma usada em algumas vacinas contra a covid-19, para dar instruções ao sistema imunológico dos pacientes.
Conhecida como BNT116 e fabricada pela BioNTech, a vacina é projetada para tratar o câncer de pulmão de células não pequenas (NSCLC) — a forma mais comum da doença.
+ Leia mais notícias de Saúde em Oeste
O princípio é fortalecer a resposta imunológica da pessoa ao câncer, deixando as células saudáveis intocadas, diferentemente do que ocorre na quimioterapia.
Cerca de 34 centros de pesquisa em sete países, incluindo a University College London (UCL), no Reino Unido, vão recrutar 130 pacientes para testar o imunizante
Britânico toma a primeira vacina contra o câncer de pulmão
Diferentemente das vacinas que imunizam contra doenças infecciosas, a exemplo do sarampo, a BNT116 é destinada a pessoas que já desenvolveram a doença.
É o caso do cientista britânico Janusz Racz, de 67 anos. Primeiro paciente a ser vacinado, o diagnóstico de câncer de pulmão ocorreu em maio deste ano. Imediatamente, deu início a sessões de quimioterapia e radioterapia.
Leia também: Nova exame do SUS detecta de forma precoce vírus que pode causar câncer
Durante o tratamento, Racz recebeu seis injeções consecutivas, com diferentes cadeias de RNA, ao longo de 30 minutos. Ele receberá a vacina durante seis semanas seguidas e, posteriormente, a cada três semanas por 54 semanas.
“Como cientista, entendo que o progresso da ciência, especialmente na medicina, depende de as pessoas concordarem em se envolver em tais investigações”, disse o britânico ao jornal The Guardian.
Ensaios clínicos da vacina
O professor Siow Ming Lee, oncologista e consultor médico do University College London Hospitals NHS Foundation Trust (UCLH), é responsável pelo ensaio no Reino Unido. Ele explica que os testes estão entrando em nova fase, a de imunoterapia baseada em mRNA, para investigar o tratamento do câncer de pulmão.
“É simples de administrar, e você pode selecionar antígenos específicos na célula cancerígena e, em seguida, direcioná-los”, comentou o oncologista ao The Guardian. “Essa tecnologia é a próxima grande fase do tratamento do câncer.”
O propósito da vacina, segundo Lee, é evitar a reincidência da doença. “Esperamos que esse tratamento adicional impeça o câncer de voltar”, diz o médico. “Muitas vezes, para pacientes com câncer de pulmão, mesmo depois da cirurgia e radiação, ele volta.”
Leia também: “Professor britânico é o 1º do mundo a receber vacina contra câncer no intestino”