Governo de Boris Johnson diz que não há evidência de intromissão da Rússia no referendo
O governo do Reino Unido e as agências de inteligência falharam em conduzir uma avaliação adequada sobre as tentativas do Kremlin de interferir no referendo do Brexit, em 2016.
A conclusão é de um relatório do Parlamento britânico divulgado nesta terça-feira, 21.
O documento de 50 páginas produzido pela Comissão de Segurança exige que a comunidade de inteligência investigue a possível interferência e torne públicas suas descobertas.
O tão esperado relatório parlamentar afirmou que a Rússia tentou influenciar o referendo em 2014, quando os eleitores na Escócia rejeitaram independência.
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O relatório mostra que também existem fontes de código aberto segundo as quais a Rússia teria tentado influenciar a campanha do Brexit, mas ressalta que o governo britânico não procurou indícios profundos de intromissão.
A Comissão de Segurança, que avalia o trabalho das agências de espionagem do Reino Unido, informou que não recebeu nenhuma avaliação pós-referendo das tentativas de interferência russas.
“Essa situação contrasta com o tratamento norte-americano de alegações de interferência russa nas eleições presidenciais de 2016, em que uma avaliação da comunidade de inteligência foi produzida dentro de dois meses após a votação, com um resumo sendo tornado público”, diz um trecho do documento, de acordo com o jornal britânico The Guardian.
Ainda segundo o jornal, os membros da comissão disseram que não puderam concluir definitivamente se o Kremlin interferiu ou não com sucesso na votação do Brexit porque nenhum esforço foi feito para descobrir.
O governo do primeiro-ministro Boris Johnson, que chegou ao poder como uma das principais figuras da campanha vitoriosa de deixar a União Europeia, respondeu dizendo que não havia evidências de intervenção russa “bem-sucedida” no referendo. O governo rejeitou qualquer pedido de revisão.
O relatório também considerou a Rússia uma potência hostil que representava um ameaça significativa para o Reino Unido e o Ocidente em várias frentes — desde espionagem e cibernética até intromissão nas eleições e lavagem de dinheiro sujo.
O Kremlin disse que a Rússia nunca interferiu em processos eleitorais do Reino Unido e negou repetidamente qualquer acusação de intromissão no Ocidente, dizendo que os Estados Unidos e o Reino Unido são dominados por “histeria antirrussa”.
Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, disse que o relatório tem a ver com “russofobia”.
As relações entre Londres e Moscou pioraram após o Reino Unido culpar a Rússia por envenenar o ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha Yulia na cidade inglesa de Salisbury, em março de 2018.
Com informações do Estadão Conteúdo
É a Rússia sendo a Rússia. Perdeu o protagonismo mundial direto e resolveu trabalhar pelas sombras. Nada muito digno, mas foi o que restou.