Informação foi divulgada em relatório da inteligência norte-americana; tropas estão saindo do Afeganistão após quase 20 anos
A inteligência norte-americana descobriu que a Rússia recompensou o Talibã por ataques realizados a tropas dos EUA e da coalizão no Afeganistão.
A informação pegou de surpresa os meios políticos em Washington durante as durante as negociações de paz com o grupo radical muçulmano. O governo da Rússia e o Talibã rejeitaram a acusação feita pela inteligência dos EUA.
Mesmo antes da divulgação desse relatório, as autoridades dos EUA viam uma inavegável parceria entre o Talibã e a Rússia há alguns anos. Moscou via essa aproximação como um modo de se contrapor ao governo afegão aliado aos EUA e manter a influência na região.
A Rússia e os EUA estão em meio a uma crescente hostilidade, estando em lados opostos na guerra civil da Síria e antagonizando em relação à Venezuela, Ucrânia e Irã.
A retirada das tropas dos EUA no Afeganistão, após quase 20 anos de guerra, não é algo que vá garantir a paz no país, visto que não existe um acordo assinado. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, o acordo da Rússia com o Talibã não tinha o objetivo de modificar o conflito, mas sim causar dano moral à imagem das tropas norte-americanas.
“Foi em quantidades modestas; não foi projetado para ser um divisor de águas no campo de batalha”, afirmou o general aposentado John Nicholson ao Comitê de Relações Exteriores da Câmara sobre armas russas e ajuda ao Talibã. “Por exemplo, o Talibã queria mísseis terra-ar, os russos não lhes deram. Por isso, sempre concluí que o apoio deles ao Talibã era calibrado em algum sentido”, concluiu.
Putin “é um estudante de história”
Guerrilheiros radicais islâmicos, como os do Talibã, receberam auxílio dos EUA quando a então União Soviética mantinha tropas no Afeganistão. A Guerra Afegã-Soviética durou entre 1979 e 1989.
De acordo com o ex-agente da CIA Marc Polymeropoulos, que trabalhou como oficial de campo no Afeganistão, os EUA fizeram o mesmo no final do conflito. “Nós aumentamos o calor quando os russos estavam saindo do Afeganistão”, disse.
Ele não acha uma surpresa que os russos estejam tendo um atitude similar à que os EUA tiveram no passado, visto que Putin “é um estudante de história”.