Quatro brasileiros morreram na guerra entre a Rússia e a Ucrânia. O conflito no Leste Europeu já dura um ano e meio.
O Brasil não enviou tropas para nenhum dos dois países, mas alguns cidadãos decidiram voluntariamente participar da guerra. A maioria compõe a Legião Internacional de Defesa Territorial da Ucrânia.
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Trata-se de um grupo paramilitar estrangeiro, organizado pelo governo ucraniano para tentar aumentar a proteção contra a Rússia.
A identidade dos brasileiros mortos na Ucrânia
O paranaense Antônio Hashitani, de 25 anos, era estudante de medicina. Ele morreu lutando em uma das frentes mais sangrentas da guerra, na cidade de Bakhmut, a cerca de 600 quilômetros de Kiev.
Hashitani era um dos brasileiros filiados ao grupo paramilitar. Natural de Curitiba, estava no terceiro ano da faculdade de medicina, na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).
O estudante de medicina era ligado às causas humanitárias e já tinha participado de ações na África. Ele ajudou a construir um parque para crianças na Tanzânia, por exemplo.
Entre os brasileiros mortos na Ucrânia, Hashitani foi o último. Sua irmã foi avisada pelo Itamaraty na segunda-feira 7, mas o estudante provavelmente morreu na quinta-feira 3.
O gaúcho Douglas Rodrigues Búrigo, da cidade de São José dos Ausentes, morreu em julho de 2022 — dois meses depois de chegar na Ucrânia. Ele tinha 40 anos e foi vítima de um ataque aéreo russo, na cidade de Kharkiv.
“Ele foi, a princípio, para serviço humanitário”, disse a família de Búrigo ao site G1. “A ideia dele era chegar lá e fazer serviço humanitário. Era o sonho dele ajudar, mas acho que depois deu errado. Foi direto para a linha de frente, e o mais errado aconteceu.”
Búrigo serviu no Exército Brasileiro por quatro anos, na cidade de Uruguaiana, onde sua filha mora. Ele passou a trabalhar depois, com transporte de cargas, ao lado do pai. O brasileiro foi cremado na Ucrânia, e suas cinzas chegaram ao Brasil em setembro.
A paulista Thalita do Valle, de Ribeirão Preto, também morreu em julho de 2022. Ela tinha 39 anos e foi asfixiada enquanto tentava se esconder de um ataque dentro de um bunker em Kharkiv.
Thalita era filiada à Legião Estrangeira Ucraniana e atuava como socorrista na guerra. Ela chegou três semanas antes de sua morte e se tornou uma sniper (atiradora de precisão).
A brasileira fez escola militar e ajudou nos resgates de vítimas do Desastre de Mariana, em Minas Gerais, em 2015; e em Brumadinho, também em Minas, em 2019. O corpo de Thalita chegou ao Brasil oito meses depois de sua morte, e a família questiona o laudo oficial.
Já André Luis Hack Bahi, de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, tinha 44 anos quando morreu na guerra. Ele foi o primeiro brasileiro a ter a morte confirmada no conflito.
Ele morreu em 4 de junho de 2022, quatro meses depois de sua chegada. Bahi lutava pela Legião Internacional de Defesa Territorial da Ucrânia e morreu ao se arriscar no fogo cruzado para salvar outros dois companheiros de combate.
Antes de ir à guerra, o combatente gaúcho vivia no Ceará com a esposa, de quem se separou, e tinha sete filhos. A família vivia na cidade de Quixadá, sertão central do Estado. Bahi trabalhava como socorrista de ambulância no Ceará.
Quatro otários.
Glória a estes voluntários pela liberdade.
Todos com missões que muitos não entendem…