Itzhik Horn, pai de dois reféns que ainda estão sob controle do Hamas, aprendeu, desde 7 de outubro de 2023, a não correr contra o tempo. Pensar que Yair, de 46 anos, e Eitan, de 37 anos, estão há 436 dias sem dar notícias não é a melhor tática para ele manter o equilíbrio.
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Ele simplesmente não liga para o tempo. Só se apega a dois sentimentos: paciência e esperança. Itzhik não vive contando os dias com a ânsia de que, no seguinte, veja os dois na sua frente. Como se tivesse feito um pacto com seus dois filhos, apenas resiste. Com esperança, mas sem ilusão. Também como se ele fosse um refém.
“Tudo o que sei é o que é divulgado na imprensa”, afirma Itzhik a Oeste. “Só vou acreditar que houve um cessar-fogo e que meus filhos foram libertados quando sentir o abraço deles.”
Ele se refere à notícia de que um acordo para a libertação dos reféns está “mais perto do que nunca” , conforme disse nesta segunda-feira, 16, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, no Knesset.
Itzhik vive só, em um pequeno apartamento em Ashkelon. Seu outro filho, Amos, pai de dois filhos, mora em Kfar Saba, e, à distância, divide o drama com o pai. Eles se veem sempre, mas Itzhik se apoiou ainda na rede de parentes de reféns, que também ele vê como familiares. Ele é ativo na campanha Bring Them Home Now (Tragam Eles de Volta para Casa Agora). E o grupo já tem uma posição formada.
“Às vezes conversamos com ministros, autoridades, mas sobre questões gerais”, ressalta Itzhik, nascido na Argentina.
“Mas nunca, nunca nos falaram nada a respeito de negociações ou de alguma perspectiva de libertação. Entre nós, definimos uma posição: queremos que todos sejam libertados de uma vez, sem liberação por etapas, que só prolongaria esse drama.”
Fala do ministro da Defesa
As declarações de Katz foram dadas ao Comitê de Relações Exteriores e Defesa do Knesset, a portas fechadas. Mas foram vazadas pela imprensa, conforme informa o The Jerusalem Post. Ele acrescentou que, quanto menos se fala, melhor.
A afirmação está em sintonia com os comentários feitos pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. no domingo 15, depois de discutir os esforços em andamento para libertar os sequestrados mantidos pelo Hamas em Gaza com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
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Katz disse que o Hamas tem consciência de que a trégua não significará o fim imediato da guerra, mas será fundamental para que ela seja encerrada quanto antes. A perspectiva é que haja cerca de 97 reféns, dos quais a maior parte está viva.
“Há flexibilidade do outro lado. Eles entendem que não vamos encerrar a guerra”, teria dito Katz.
Itzhik só quer ver para crer. E, finalmente, se libertar junto com seus filhos.