De acordo com o chefe de gabinete presidencial da Ucrânia, Andriy Yermak, o objetivo da Rússia ao se retirar do acordo de grãos do Mar Negro é “colocar em risco a vida de 400 milhões de pessoas que dependem das exportações de alimentos ucranianos”. Yermak comentou o assunto em uma declaração na terça-feira 18, em uma mensagem no Telegram.
Moscou encerrou na segunda-feira 17 o acordo de exportação de grãos ucranianos que estava em vigor havia um ano e que contribuiu para evitar uma grande crise alimentar global, além de reduzir os preços de alimentos em mais de 20% globalmente.
“O mundo deve perceber que o objetivo da Rússia é matar pessoas de fome”, afirmou Yermak. “Eles precisam de ondas de refugiados. É assim que eles querem enfraquecer o Ocidente.”
O acordo de grãos entre Rússia e Ucrânia
O acordo foi negociado em 2022 pela Turquia e pela Organização das Nações Unidas (ONU). A iniciativa permitiu a Kiev exportar grãos de seus portos e navegar com segurança pelo Mar Negro depois que Moscou bloqueou as docas na região.
A decisão russa acontece sob a justificativa de que o principal objetivo do acordo, a entrega de grãos aos países em necessidade, em particular no continente africano, “não foi alcançado”.
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A ameaça da não renovação já acontecia havia várias semanas, quando Moscou reclamou dos obstáculos criados para suas exportações de produtos agrícolas e de fertilizantes.
Depois da declaração do governo russo, as agências de notícias russas informaram que Moscou notificou a Turquia, a Ucrânia e a ONU que era contrária à extensão do acordo, que já foi prorrogado em duas ocasiões.
Encontro nos Brics
Em comunicado divulgado nesta quarta-feira, 19, o governo da África do Sul informou a retirada do convite para o presidente da Rússia, Vladimir Putin, participar da cúpula dos Brics, bloco econômico que, além de África do Sul e Rússia, é composto de Brasil e China. A ordem internacional de prisão contra o líder russo foi a justificativa para a retirada do convite por parte do governo africano.
O encontro dos Brics será realizado em 22 e 23, em Johannesburgo, maior cidade sul-africana. Com a decisão, a Rússia vai ser representada no evento pelo ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov.