Líderes europeus aceitaram formalmente a Ucrânia como candidata para integrar a União Europeia (UE), em uma decisão considerada ousada e histórica, segundo os próprios membros do bloco. A Moldávia, que está na fronteira da Ucrânia e se encontra invadida por tropas russas, também foi admitida como candidata.
A estimativa é que as duas nações, ambas ex-repúblicas soviéticas, levem mais de uma década para preencher os requisitos e passar efetivamente a fazer parte da UE.
A decisão da cúpula, que ocorreu na quinta-feira 23, na Cúpula de Bruxelas, atendeu ao pedido do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e tem profundo simbolismo quanto à política para os dois países.
O chefe do Conselho Europeu, Charles Michel, se referiu à decisão como “um momento histórico”, em post publicado no Twitter. E acrescentou: “O dia de hoje marca um passo crucial em seu caminho em direção à EU.”
Agreement. #EUCO has just decided EU candidate status to Ukraine and Moldova.
A historic moment.
Today marks a crucial step on your path towards the EU.
Congratulations @ZelenskyyUa and @sandumaiamd and the people of Ukraine 🇺🇦 and 🇲🇩
Our future is together.
— Charles Michel (@CharlesMichel) June 23, 2022
Depois que os líderes da UE anunciaram a resolução, Zelensky foi conectado à sala para participar virtualmente da reunião. Ele disse aos líderes que foi uma das decisões mais importantes para a Ucrânia nos 30 anos de sua independência. “Acredito que esta decisão não é apenas para a Ucrânia. Este é o maior passo para o fortalecimento da Europa neste momento em que a guerra testa a nossa capacidade de preservar a liberdade e a unidade”, declarou.
Condições
O pedido de ingresso no bloco europeu foi feito pela Ucrânia, pela Moldávia e pela Geórgia logo no início da invasão russa. A decisão tomada agora, quase quatro meses depois, reflete, em parte, o apoio recente da Alemanha, da França e da Itália, considerado fundamental para a decisão do grupo.
No entanto, a candidatura é apenas o primeiro passo de uma longa e incerta tentativa de adesão, um processo que, além de vagaroso, não tem garantia de sucesso. A comissão estabeleceu uma série de condições para ambos os países antes de qualquer negociação de adesão começar. A candidatura da Geórgia não foi aceita devido à resistência do governo às reformas domésticas acordadas.
A lista de condições inclui nomeações para os principais tribunais e o órgão anticorrupção do país, garantindo os direitos das minorias. A comissão também estabeleceu metas para combater a corrupção, melhorar a independência judicial e reprimir o crime organizado.
Analistas também interpretaram a medida da UE como um pontapé inicial em uma guinada expansionista, a maior desde que acolheu os Estados do Leste Europeu, após a Guerra Fria. Criada em 1951 como uma organização de seis países para regular a produção industrial, a UE agora tem 27 membros, que enfrentam desafios de um mundo cada vez mais complexo, dentre os quais as mudanças climáticas, a ascensão da China e a própria guerra à sua porta.
O presidente russo, Vladimir Putin, ao dar início à guerra na Ucrânia, em fevereiro, usou como justificativa justamente o crescimento da influência ocidental em países que a Rússia considera sua área de influência.
Em contrapartida o patriota russo Navalny continua preso (por haver denunciado a corrupção no governo Putin) e sem direito à habeas corpus.