Paris está em crise. A atual prefeita, a socialista Anne Hidalgo, é muitas vezes acusada de ter abandonado a capital da França à demagogia populista e entregue a cidade à sua população muçulmana. Mas Paris já resistiu a inúmeros ataques, guerras e crises. Nem o comandante da ocupação nazista, general Dietrich Von Choltitz, teve coragem de obedecer às ordens de Adolf Hitler de incendiar a cidade. Agora temos um guia para entender seu passado.
Selma Santa Cruz (colunista de Oeste) escreveu Para Entender Paris (lançada agora pela editora Matrix) pensando nos detalhes que fazem essa cidade ser eterna. Como correspondente internacional, passou 10 anos circulando entre Paris, New York e Washington. No seu livro, Selma passeia por locais parisienses, alguns famosos, outros nem tanto, mergulhando na história da cidade. Faz uma espécie de turismo do passado. Ficamos sabendo por exemplo que o Louvre, hoje quase um sinônimo de “museu”, foi originalmente uma gigantesca obra de defesa da cidade construída no fim do século 12 por Felipe II.
O Château de Vincennes, localizado junto à linha 1 do metrô, já foi uma prisão para “VIPs” da história francesa: Voltaire, Diderot, o marques de Sade, e a espiã Mara Hari. As grandes atrações de Paris estão todas presentes, cada uma com detalhes pouco conhecidos de sua história – o Quartier Latin, a Catedral de Notre-Dame, a Pont Neuf, o Palais du Luxembourg, as Tuileries, a Pont des Arts, o Museu d’Orsay, a torre Eiffel e a Église de la Madeleine, num capítulo especial sobre a presença de Dom Pedro II e outros brasileiros na Cidade Luz.
Para Entender Paris é muito bem ilustrado, e o leitor talvez sinta falta apenas de um mapa de localização dos pontos históricos retratados por Selma Santa Cruz. (Nada que não se resolva com o Google Maps). A cidade pode não viver seu melhor momento, mas as palavras do escritor Victor Hugo servem como uma espécie de prefácio para o livro: “Destruam Paris e cada grão de suas cinzas será uma semente do futuro. Porque Paris não é apenas uma cidade, Paris é uma alma”.