As autoridades europeias culparam a Rússia por uma iminente crise alimentar global, visto que o bloqueio do Kremlin aos portos ucranianos ameaça as exportações de grãos.
Na segunda-feira 6, o embaixador da Rússia na Organização das Nações Unidas (ONU), Vasily Nebenzya, saiu de uma reunião do Conselho de Segurança depois de o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, dizer que Moscou tem o objetivo de impedir as exportações de commodities.
O chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, pôs em dúvida as alegações da Rússia de que não está impedindo as exportações. “A desinformação espalhada pelo presidente Vladimir Putin, que visa a desviar a culpa dos russos, torna-se cada vez mais cínica”, disse o diplomata, no Twitter.
Putin rejeitou anteriormente as acusações. Segundo o ex-agente da KGB, cabe à Ucrânia tirar as minas explosivas dos portos do Mar Negro (e retomar as exportações). A Rússia informou que estaria pronta para exportar trigo ucraniano por meio dos portos controlados por Moscou no Mar de Azov.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse nesta terça-feira, 7, que tirar os explosivos do mar permitiria que os navios carregassem grãos e, depois, “mesmo com nossa ajuda, prosseguissem em direção às águas internacionais”. Ele explicou que os navios que entrarem nos portos passarão por verificações, para garantir que não estejam carregando armas.
Reportagem publicada no The Wall Street Journal mostra que o Kremlin expressou disposição em aliviar o bloqueio dos portos ucranianos se as sanções ocidentais aplicadas aos russos forem suspensas. A Ucrânia tem dúvida de que a Rússia poderá ser confiável, e os Estados Unidos e o Reino Unido manifestaram oposição ao possível acordo.
“A Rússia jura que não quer uma crise alimentar, mas destrói os terminais de grãos ucranianos”, disse Mykhailo Podolyak, assessor do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. “Alguém presta atenção às promessas do Kremlin?”
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Impuseram sanções a Russia. A Rússia contra-atacou na mesma forma. A guerra vai longe.