A expectativa em Israel, com a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas, em resultado anunciado nesta quarta-feira, 6, é a de que o novo presidente reforce os laços entre o país judaico e os Estados Unidos (EUA).
O presidente norte-americano, no entanto, já adiantou que trabalhará para por um fim ao conflito entre Israel e Hamas, iniciado com o ataque do grupo terrorista em 7 de outubro de 2023.
Trump havia se encontrado em julho, em sua casa na Flórida, com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, quando relatou muitos destes planos sobre a região, caso fosse eleito.
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Durante a administração de Joe Biden, os EUA assumiram a liderança diplomática em iniciativas de cessar-fogo e apoiaram Israel em questões de diplomacia, informou The Jerusalem Post.
No campo militar, os EUA encabeçaram uma coalizão militar de proteção a Israel contra os ataques com mísseis iranianos. Também foram fornecidos apoio militar com armamentos e suprimentos. Biden, no entanto, teve uma postura reticente em alguns momentos.
Trump prosseguirá com esta política de apoio, de forma mais contundente, mas assumirá mais o papel de comandante das negociações, na tentativa de dissuadir o Irã de manter a guerra com Israel e de enfraquecer o poder do Hezbollah.
O presidente, para tanto, investirá novamente em uma aproximação entre Israel e Arábia Saudita, um dos seus objetivos quando atuou na formatação dos Acordos de Abraão, que, em 2020, estabeleceram relações diplomáticas entre Israel e Emirados Árabes, Bahrein e Marrocos.
“Trump também foi positivo [no primeiro mandato] para Israel em tempos de paz, pois é mais eficaz ao exercer o poder brando”, declarou o jornal, nesta quarta-feira. “Ele retorna à Casa Branca em um período de grandes guerras, incluindo no Oriente Médio, que podem prenunciar uma potencial Terceira Guerra Mundial.”
Há, porém, o desejo de evitar que esse conflito tenha início, conforme relatou a publicação.
“Mesmo antes de sua vitória na eleição de terça-feira, ele havia prometido fazer paz tanto no Oriente Médio quanto na Ucrânia.”
Em outro editorial, antes das eleições, o Post já havia deixado implícita a preferência pelo candidato republicano, em relação à sua adversária Kamala Harris.
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A candidata democrata não se colocou contra Israel mas, em algumas declarações, deu sinais de que o apoio, em caso de vitória, poderia ser revisto de algumas maneiras.
Principalmente, para setores da sociedade israelense, quando ela não rejeitava a acusação de que Israel comete genocídio em Gaza.
“Israel observa com esperança e preocupação [as eleições]”, deixou transparecer o editorial. “Nossa nação enfrenta uma luta sem precedentes, combatendo em várias frentes – com vizinhos ao norte e ao sul e até mesmo inimigos do outro lado do oceano”, prosseguiu o texto.
“Para Israel, o peso dessa eleição vai além das típicas mudanças políticas; precisamos de um aliado firme na Casa Branca, um líder que não apenas prometa apoio inabalável, mas que também compreenda verdadeiramente o papel de Israel como a única democracia no Oriente Médio.”
Para o jornal, havia diferenças na visão dos dois candidatos, ao realçar que Harris destacou na campanha o apoio à comunidade muçulmana, pedindo o fim do que chamou de crise humanitária. Já Trump assegurou aos norte-americanos que traria uma conclusão rápida para a guerra entre Israel e Hamas.
É isso que, de acordo com o jornal, o novo presidente deve priorizar. Afinal, o fim da guerra abre as possibilidades do retorno dos 101 reféns, ainda sob controle dos terroristas do Hamas. Acredita-se que pelo menos metade deles esteja viva.
“Essas declarações estão sendo observadas atentamente aqui em Israel, onde mais de 100 cidadãos israelenses continuam em cativeiro nas mãos do Hamas em Gaza, de acordo com relatos, com cerca de metade deles temendo estar mortos”, declarou o Post.
“Para nós, que esperamos e torcemos pelo retorno seguro desses reféns, pedimos ao próximo presidente dos EUA que priorize sua liberação como parte do compromisso norte-americano com a segurança de Israel. Com sua influência, os EUA podem e devem fazer todo o possível para trazer os reféns de volta para casa.”
O jornal também fez menção ao aumento do antissemitismo nos EUA depois de 7 de outubro e da reação de Israel na Faixa de Gaza.
“Israel não foi criado para provocar conflitos, mas como um farol de liberdade e esperança para o povo judeu, um refúgio e uma democracia onde todos os cidadãos – judeus, muçulmanos e cristãos – vivem com dignidade e direitos”, destacou o editorial.
“Entretanto, hoje, o antissemitismo nos EUA alcança níveis alarmantes, os mais altos em décadas. Esse aumento do ódio ameaça não apenas a comunidade judaica, mas também os valores sobre os quais a América foi fundada. Pedimos ao próximo presidente que faça do combate ao antissemitismo uma prioridade nacional, garantindo que os judeus americanos se sintam seguros em seu próprio país.”
O texto realçou a essência do vínculo entre os dois países, como integrantes de uma “linha de frente da democracia.”
“A luta de Israel não é apenas nossa; ela representa uma linha de frente para os valores democráticos. A América sempre foi nosso maior aliado, e agora mais do que nunca, precisamos de um forte apoio dos EUA.”
Desafios conjuntos de Israel e EUA
De acordo com o artigo, o vínculo entre EUA e Israel não é uma relação unilateral. “A América também precisa de Israel”.
Ambos, segundo o editorial, estão envolvidos em um mesmo objetivo.
“Israel está na linha de frente da luta contra o islamismo radical, e tanto o Irã quanto as organizações terroristas consideram os EUA um inimigo, assim como consideram Israel.”
Neste momento, a expectativa no país é a de que finalmente Israel e EUA encontrem juntos uma forma de superar o atual momento.
“Nossa oração é simples, mas essencial: que o próximo presidente dos EUA reconheça que Israel não é apenas um aliado estratégico, mas um símbolo de resistência e liberdade em uma região turbulenta”, destacou a publicação.
“Os desafios que enfrentamos podem ser maiores do que nunca, mas juntos, com uma América forte ao nosso lado, superaremos. Que esta eleição inaugure um capítulo em que o direito de Israel de existir em paz seja defendido com vigor, e que o laço entre nossas nações se torne mais forte do que nunca.”