Enviado especial de Oeste a Buenos Aires | O voto dos jovens terá um papel fundamental para a decisão das eleições gerais na Argentina neste domingo, 22.
Os dados da Câmara Nacional Eleitoral argentina mostram que, nesta eleição, votarão mais de 16 milhões de argentinos nascidos em 1984, ano da volta da democracia, ou nos anos seguintes. É cerca de 45% do corpo eleitoral total.
É o maior número de votantes jovens da história da Argentina democrática.
O grupo etário com a maior quantidade de votantes são os nascidos de 1994 e 2005. Além disso, cerca de 1,1 milhão de jovens que chegaram a pelo menos 16 anos votarão pela primeira vez nesta eleição.
Muitos dos jovens que irão votar pela primeira vez neste domingo vivenciaram ao longo de suas vidas uma forte decadência econômica, hiperinflação e desvalorização cambial do peso. Além de inúmeros escândalos de corrupção.
Por isso, seriam os mais favoráveis a uma mudança radical de governo, atualmente controlado pela esquerda peronista.
Javier Milei lidera entre jovens da Argentina
Segundo uma pesquisa realizada pelo Observatorio Pulsar, da Universidade de Buenos Aires, o candidato liberal Javier Milei teria a maior porcentagem de votos jovens entre todos os postulantes à presidência Argentina.
O partido La Libertad Avanza, de Milei, conta com uma percentual de eleitores de 17 a 25 anos superior a 25%. O maior número entre todos os candidatos.
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O evento de encerramento da campanha de Milei, no Movistar Arena de Buenos Aires, mostrou essa forte presença de eleitores jovens. Mais de 15 mil pessoas participaram do evento, que pareceu mais um show de rock do que um comício político, com uma idade média de cerca de 20 anos.
A coalizão Juntos por el Cambio, liderada pela ex-ministra da Segurança Patrícia Bullrich, teria menos de 3% de sua base eleitoral entre os mais jovens.
As lideranças políticas conhecem o perfil de seus eleitores. Por isso, na reta final da campanha, começaram a se concentrar em convencer os segmentos da população argentina que não conseguiram conquistar até agora.
Por exemplo, Bullrich lançou apelos para convencer “netos” e “filhos”, enquanto Milei, via Twitter/X, escreveu para as “tias”, “mães” e “avós”.
No caso do Unidos por la Patria, do candidato governista Sergio Massa, a porcentagem de eleitores jovens não chega em 10%.
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Esse último número é o mais surpreendente, segundo os pesquisadores, pois mostra como o peronismo e o kirchnerismo perderam força entre os jovens, que tradicionalmente faziam parte de sua base eleitoral.
Os grupos peronistas jovens, como o La Campora, liderado pelo filho de Cristina Kirchner, Máximo, perdeu seu brilho e não consegue mais mobilizar o eleitorado mais jovem.
Além disso, os governos passados tentaram cativar o voto dos argentinos mais novos por meio da concessão de benesses, como as viagens gratuitas para graduandos ou a própria ampliação do do direito de voto para quem tiver 16 anos.
Voto jovem é difícil de interceptar
Entretanto, existem problemas na análise do voto dos jovens argentinos. Segundo a análise da Universidade de Buenos Aires, quem tem menos de 25 anos tende a responder menos a pesquisas eleitorais.
Além disso, os jovens, em geral, têm menos comprometimento na hora de votar. Isso especialmente se encontrarem longas filas nas seções eleitorais na Argentina.
Tomara que os jovens argentinos não sejam tam burros