A Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (Asfav) deu à oposição na Câmara um relatório sobre abusos contra envolvidos no protesto na Praça dos Três Poderes. A entrega ocorreu pouco antes de membros da Asfav viajarem para os Estados Unidos, há duas semanas.
O documento foi revelado por Oeste em 2023. Em maio do ano seguinte, a Asfav levou as denúncias ao Parlamento norte-americano. O dossiê é atualizado conforme a associação vai avançando no trabalho social. A peça inclui, ainda, ofícios enviados a entidades de defesa dos Direitos Humanos.
De acordo com o material, há relatos de abusos psicológicos, tortura e até tentativas de suicídio na cadeia.
A maioria das arbitrariedades tem sido veiculada pela coluna em primeira mão.
Tortura contra presos do 8 de janeiro e tentativa de suicídio
Segundo a Asfav, a “primeira tortura física” contra os presos ocorreu logo no primeiro dia da detenção, pois os participantes do ato ficaram mais de 24 horas sem comer, e dentro de ônibus abafados
“Na manhã do dia 9 de janeiro, após a entrada das pessoas presas nos ônibus, dentre eles, idosos, crianças e pessoas com comorbidades, que ficaram por quase 5 horas vagando pela capital federal sem poderem comer, beber ou fazer suas necessidades”, observou a Asfav, ao mencionar que houve uma pessoa que tentou cortar os pulsos.
Tentar tirar a própria vida também ocorreu na Papuda e Colmeia.
Má alimentação
Uma das principais queixas dos internos é a péssima qualidade da comida servida nos presídios.
“São frequentes as reclamações referentes a comida estragada, azeda e houve casos de até com larvas”, informou a Asfav. “Tais reclamações são recorrentes no sistema penitenciário do Distrito Federal, ou seja, não é mero capricho das pessoas presas em 8 de janeiro.”
Cerceamento do direito de defesa
Entre outros tópicos relacionados ao cerceamento ao direito de defesa, a Asfav constatou que, “desde os primeiros dias foram realizados diversos pedidos pelos patronos dos acusados como de liberdade provisória, extensão do alcance da tornozeleira para trabalho, pedidos de tratamento de saúde, etc, mas a maioria dos pedidos não foi apreciada pelo Supremo Tribunal Federal”.
“Ressalte-se ainda que, o ‘sumiço’ de peças de processos não é incomum”, afirmou a associação, no documento.
Leia também: “A farsa do golpe”, reportagem publicada na Edição 257 da Revista Oeste
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