O tenente-coronel Mauro Cid foi 11 vezes à Polícia Federal prestar depoimentos sobre assuntos diversos — nove deles serviram depois para formalizar uma ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Era um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público, que por sua vez não conduziu de fato o processo, porque o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e seus policiais federais já tinham um roteiro pronto. Foi o que ele disse, num desabafo que voltará à tona, depois de ter de assinar papéis que não diziam a verdade. Tudo isso foi publicado pela revista Veja.
Nesta semana, um dia depois de Bolsonaro e outras sete pessoas — a maioria com patente militar — se tornarem réus por uma trama de golpe de Estado, a Procuradoria-Geral da República disse, assim como quem joga um envelope na gaveta: sabe aquela acusação de falsificar carteirinha de vacina da covid? Então, não tem nada não. Ocorre que foi essa expedição da Polícia Federal, que chega às casas armada até os dentes, como se fosse prender os verdadeiros criminosos que não prende, que deu origem ao espetáculo farsesco. Foram buscar uma carteirinha de covid na casa de Cid, mas levaram celulares e computadores. É uma devassa no passado para qualquer um. E qualquer coisa serve.
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Em seguida, tentaram implicar Cid, Bolsonaro e sua mulher, Michelle, num esquema de venda de joias presenteadas por chefes de Estado. Tampouco deu em nada. Mas, enquanto isso, Cid foi chamado — semana sim, semana também — a depor: “coisas” apareciam na memória do seu celular, revelando que ele e aliados do ex-presidente queriam dar um golpe — aliás, desde 2021, um golpe de Bolsonaro no governo Bolsonaro.
“Cid caiu numa cilada”
Cid caiu numa cilada. Viu-se obrigado a assinar tudo porque foi ameaçado, conforme vídeo divulgado pelo ministro Alexandre de Moraes. Se não assinasse, seus familiares seriam encurralados.
Eis que o ministro Luiz Fux, o único juiz de carreira na Suprema Corte — Flávio Dino abandonou a magistratura para militar pelo Partido Comunista —, decidiu questionar a soberania de Moraes: “Nove delações representam nenhuma delação”. A chance de anulação, seja pelo “voluntarismo” ou pela não comprovação probatória do que ele disse, é enorme.
“Mauro Cid caiu numa cilada. Resta saber se vai se conformar com isso em juízo”
Silvio Navarro
O mínimo que o brasileiro e as páginas de História merecem é que um julgamento — agora no mérito — dessa magnitude seja feito às claras, pelos 11 integrantes da Corte. Já Mauro Cid caiu numa cilada. Resta saber se vai se conformar com isso em juízo.
Leia também: “A marcha da insensatez”, artigo de J. R. Guzzo publicado na Edição 262 da Revista Oeste
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Nao precisa entender muito de Forças Armadas, basta ler a carta do Brigadeiro e iremos entender que todo o passado e gloria foram jogados na lama.
Carta de um Brigadeiro
Nunca mais se diga que nossas Forças Armadas nunca perderam uma guerra!
Hoje perdemos a maior delas!
Perdemos nossa Coragem!
Perdemos nossa Honra!
Perdemos nossa Lealdade!
Não cumprimos com o nosso Dever!
Perdemos a nossa Pátria!
Eu estou com vergonha de ser militar!
Vergonha de ver que tudo aquilo pelo qual jurei, trabalhei e lutei, foi traído por militares fracos, desleais e covardes, que fugiram do combate, preferindo apoiar quem sempre nos agrediu, sempre nos desrespeitou, sempre nos humilhou e sempre se vangloriou disso, e que ainda brada por aí que não nos quer em sua escolta, por não confiar nos militares das Forças Armadas, e que estas devem ser “colocadas em seu devido lugar”.
Militares que traíram seu próprio povo, que clamou pela nossa ajuda e que não foi atendido, por estarem os militares da ativa preocupados somente com o seu umbigo, e não com o povo a quem juraram proteger!
Fomos reduzidos a pó. Viramos farelo.
Seremos atacados cruelmente e, se reagirmos somente depois disso, estaremos fazendo apenas em causa própria, o que só irá piorar ainda mais as coisas.
Joguem todas as nossas canções no lixo!
A partir de hoje, só representam mentiras!
Como disse Churchill:
“Entre a guerra e a vergonha, escolhemos a vergonha.”
E agora teremos a vergonha e a guerra que se seguirá inevitavelmente.
A guerra seguirá com o povo, com os indígenas, com os caminhoneiros, com o Agronegócio. Todos verão os militares como traidores.
Segmentos militares certamente os apoiarão. Eu inclusive.
Generais não serão mais representantes de suas tropas.
Perderão o respeito dos honestos.
As tropas se insubordinarão, e com toda razão.
Os generais pagarão caro por essa deslealdade.
Esconderam sua covardia, dizendo não ter havido fraude nas urnas.
Oras! O Exército é que não conseguiu identificar a fraude!
Mas outros, civis, conseguiram!
A vaidade prevaleceu no Exército e no seu Centro de Guerra Cibernética. Não foram, mais uma vez, humildes o suficiente para reconhecer suas falhas. Prevaleceu o marketing e a defesa de sua imagem. Perderam, Manés!
E o que dizer da parcialidade escancarada do TSE e do STF, que além de privilegiarem um candidato, acabam por prender inconstitucionalmente políticos, jornalistas, indígenas, humoristas e mesmo pessoas comuns, simplesmente por apoiar temas de direita, sem sequer lhes informar o crime cometido ou oportunidade de defesa? Isso não conta? Isso não aconteceu?
E a intromissão em assuntos do Executivo e do Legislativo?
Isso também não aconteceu?
Onde está a defesa dos poderes constitucionais?
Onde estão aqueles que bradaram que não bateriam continência a um ladrão?
Será que os generais são incapazes de enxergar que, validando esta eleição, mesmo com o descumprimento de ordem de entrega dos códigos-fonte, valida-se também esse mesmo método, não só para todas as próximas eleições, para o que quer que seja, perpetuando a bandidagem no poder, assim como corrompendo futuros plebiscitos e decisões populares para aprovar/reprovar qualquer grande projeto de interesse da criminalidade?
NÃO HAVERÁ MAIS ELEIÇÕES HONESTAS!
A bandidagem governará impune, e as Forças Armadas, assim como já ocorre com a Polícia Federal, serão vistas como cães de guarda que asseguram o governo ditatorial.
O povo nunca perdoou os traidores nem os burros.
Não vai ser agora que irão.
Ah, sim, generais:
Entrarão para a História!
Pela mesma porta que entrou Calabar.
QUE VERGONHA!
Assina:
Brigadeiro Eduardo Serra Negra Camerini
Servi no EB, lá nos ensina, Disciplina, Lealdade e Camaradagem com os nossos soldados e superiores. Onde esse menino desaprendeu tudo isso? Na AMAN, centro de excelência de ensino para o oficialato não foi! é de se imaginar numa Guerra, como Comandante da Tropa e ser capturado pelos inimigos ser interrogado, ele entregaria seus soldados e superiores? sua biografia não está o favorecendo.
Como leiga e nada entendendo de forças armadas, entendo perfeitamente sua explicação e concordo e fico na dúvida. Será que é verdadeiro que cel Cid, entregou mesmo o presidente Jair Messias Bolsonaro? Teria algo camuflado? Falo de ambos os lados….enfim..sou leiga.