Depois de ser adiada por duas vezes, a sessão da CPMI do 8 de Janeiro, que estava prevista para esta terça-feira, 22, foi cancelada. Na ocasião, requerimentos de informação e de depoimentos seriam votados pelos parlamentares. O cancelamento se deu em virtude da falta de acordo entre governistas e oposição.
Conforme apurou Oeste, o ponto inicial da discussão girou em torno da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). A parlamentar é acusada de contratar um hacker para interferir no processo eleitoral brasileiro.
Ao lado da ala governista, a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), queria pautar as quebras de sigilo telefônico, telemático e fiscal de Carla. Já a oposição preferia convocar a parlamentar. O deputado federal Marco Feliciano (PL-SP), inclusive, protagonizou uma discussão com a relatora sobre a questão.
Desvio de finalidade na CPMI
O presidente da comissão, deputado federal Arthur Maia (União Brasil-SP), acusou os membros do colegiado de desvio de finalidade. Segundo ele, o governo queria pautar requerimentos relacionados a investigação das joias — que está relacionada ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
A ala governista, por exemplo, quer pautar as quebras de sigilo telemático e fiscal do ex-chefe do Executivo e da ex-primeira-dama Michelle, além da apreensão dos passaportes de ambos. Um requerimento que pede a quebra de sigilo do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também foi colocado em discussão.
A oposição, contudo, prioriza documentos relacionados as autoridades da Força Nacional de Segurança e um requerimento em específico que convoca Giuseppe Dutra Janino, que foi secretário de Tecnologia da Informação no Tribunal Superior Eleitoral por 15 anos.
“Há um clima muito acirrado”, explicou o presidente da CPMI. “De um lado, querem investigar joias e, do outro, urnas eletrônicas. Isso sai do escopo da investigação. Nessa final, precisamos nos ater ao que aconteceu em 8 de janeiro.”
Maia deve tentar costurar um novo acordo, mas, caso não consiga, vai definir a pauta sozinho. A ideia é que a reunião deliberativa aconteça nas próximas sessões. Na quinta-feira 24, está previsto o depoimento do sargento do Exército Luis Marcos dos Reis, ex-ajudante de ordens do ex-presidente.
Na próxima semana, será a vez de ouvir o ex-comandante da PM-DF Fábio Augusto (terça-feira 29) e, na quinta-feira 31, o general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Conforme Maia, a relatora da CPMI também está se debruçando sobre os requerimentos relacionados aos financiadores do 8 de janeiro.
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