A articulação para o ex-governador do Paraná e deputado federal Beto Richa (PSDB-PR) se filiar ao PL para disputar a Prefeitura de Curitiba naufragou. De um lado, a militância do Partido Liberal se colocou contra o movimento, e, por outro, a direção tucana se recusou a liberar o parlamentar, que poderia perder o mandato se insistisse na troca de legenda.
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A tendência agora é que o PL e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apoiem o ex-deputado federal Paulo Martins, que também é cotado para disputar o Senado se Sergio Moro (União) for cassado pela Justiça Eleitoral. A tentativa de filiar Richa, porém, causou uma guerra no PL paranaense.
Em nota divulgada à imprensa, Richa disse que fez reuniões como presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e com Bolsonaro na quarta-feira, 14, e foi convidado a se filiar ao partido. Beto Richa ainda deixou claro que se mantém como pré-candidato a prefeito da capital paranaense. Ele já exerceu o cargo de 2005 a 2010.
“Parecia óbvio, para meus amigos da direção do partido, que a minha saída poderia estimular outros filiados a fazer o mesmo. Prevaleceu o peso do compromisso com o PSDB, um partido que mudou o Brasil para muito melhor”, disse Richa. “É nas crises que se aprende e que se reúne forças. Eu senti na carne e na alma isso. Fui massacrado por radicais com argumentos infundados, mas não desisti, e não desisto nunca.”
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O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que, juntamente com o presidente da Federação PSDB-Cidadania, Bruno Araújo, tomou a decisão de não liberar nenhum membro do partido que tenha sido ajudado com dinheiro do Fundo Partidário na eleição de 2022 ou em eleições anteriores. “Sejam deputados federais ou estaduais”, explicou. Na semana passada, entretanto, o PSDB autorizou o deputado federal por São Paulo Carlos Sampaio a deixar a legenda e ir para o PSD.
Sem a concordância do partido, Beto Richa teria de convencer a Justiça Eleitoral de que tinha justa causa para trocar o PSDB pelo PL. Ele precisaria provar que os tucanos estavam cometendo “grave discriminação pessoal” contra ele ou descumprindo o programa partidário. Caso contrário, perderia o mandato de deputado federal.
Deputados do PL trocam acusações
A articulação rachou o PL em Curitiba. O deputado estadual Ricardo Arruda, do Partido Liberal do Paraná, gravou e publicou um vídeo de Beto Richa e do deputado federal Filipe Barros (PL-PR), que intermediou o encontro com Bolsonaro, saindo da reunião. As imagens foram a senha para a reação da militância de parte do partido nas redes sociais.
Veja a legenda no meu Instagram. pic.twitter.com/P48rJZvnPr
— Ricardo Arruda (@DpRicardoArruda) March 13, 2024
Arruda se disse traído por Barros, pois, segundo ele, o deputado federal o chamou a Brasília justamente para discutir a candidatura a prefeito com Bolsonaro. Barros, por sua vez, afirmou que estava cumprido uma “missão” dada pelo ex-presidente, que teria lhe pedido para levar até ele todos os pré-candidatos que fossem antipetistas e que tivessem a “disposição de caminhar com Bolsonaro em 2026”. Nesta quinta-feira, 14, ele declarou apoio à candidatura de Paulo Eduardo Martins.
Sobre a eleição de Curitiba. pic.twitter.com/296gXZDbTe
— Filipe Barros ???????? (@filipebarrost) March 14, 2024
Ainda na quarta-feira, Martins anunciou que estava renunciando à presidência do PL de Curitiba. Porém, depois ele voltou às redes sociais e se colocou como pré-candidato do partido. “Quem acompanha o meu trabalho sabe que defendo os valores conservadores desde quando fazer isso não dava votos e nem likes“, afirmou. “O partido que faça sua escolha.”
Amigos, comunico a vocês que decidi deixar a presidência da executiva do PL de Curitiba. Agradeço à direção nacional e estadual pela confiança e também a todos os militantes que colaboraram até então.
— Paulo Eduardo Martins (@PauloMartins10) March 13, 2024
Que Deus abençoe o Brasil.
Quem acompanha o meu trabalho sabe que defendo os valores conservadores desde quando fazer isso não dava votos e nem likes. Continuo convicto do que faço. Por isso, me coloco à disposição do PL para disputar a eleição para a prefeitura de Curitiba. O partido que faça sua escolha.
— Paulo Eduardo Martins (@PauloMartins10) March 14, 2024
O Estadão apurou com interlocutores de Bolsonaro que, neste momento, ele apoia a candidatura de Martins para prefeito. Porém, Arruda declarou em um vídeo nas redes sociais que o ex-presidente o teria incentivado a se manter como pré-candidato. “Falei com o presidente Bolsonaro e ele disse: ‘Continue o seu trabalho como pré-candidato'”, afirmou o deputado estadual, em postagem no Twitter/X. “O Paulo vai colocar o nome dele, porque o que o Paulo quer e o que o partido quer é apoiá-lo para o Senado caso o Moro seja cassado’.”
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Arruda disse que Barros teria exposto Bolsonaro, já que o ex-governador do Paraná não é antipetista, por ser próximo do vice-presidente Geraldo Alckmin e ter sido preso na Operação Lava Jato. No fim do ano passado, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, anulou todas as ações contra o tucano no âmbito da ação. O magistrado entendeu ter havido conluio judicial com base em mensagens trocadas entre o então juiz Sergio Moro e o procurador Diogo Castor de Mattos.
IMPORTANTE!!!
— Ricardo Arruda (@DpRicardoArruda) March 14, 2024
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Principal assessor de Bolsonaro, Fabio Wajngarten tomou o lado de Filipe Barros nas redes sociais e afirmou que vai acionar a Comissão de Ética do PL contra Arruda. “Política tem vez e hierarquia”, afirmou. “Não é admissível um deputado estadual, com menos de 2% de intenções de votos, gravar escondido uma reunião no escritório do presidente Jair Bolsonaro e agora atacar um deputado federal, aliado de primeira hora, em virtude da escolha do partido pelo nome do Paulo Martins a pré-candidato em Curitiba.”
Política tem vez e hierarquia.
— Fabio Wajngarten (@fabiowoficial) March 14, 2024
Não é admissível um deputado estadual, com menos de 2% de intenções de votos, gravar escondido uma reunião no escritório do Presidente @jairbolsonaro e agora atacar um deputado federal, aliado de primeira hora, em virtude da escolha do partido pelo…
Nota de Beto Richa, sobre a possibilidade de trocar o PSDB pelo PL
Em comunicado, Beto Richa afirma que recebeu convite para se filiar ao PL. Ao garantir que seguirá no PSDB, ele se coloca — publicamente — como o pré-candidato do partido à Prefeitura de Curitiba.
Abaixo, a íntegra da nota divulgada à imprensa por Richa:
“Esclarecimento Público do deputado federal Beto Richa
A quarta-feira amanheceu nebulosa em Brasília, com risco de chuvas e trovoadas. Como sempre faço, acordei cedo para o trabalho. Tinha um convite para me reunir com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que estava conversando com pré-candidatos à Prefeitura de Curitiba. Tinha sonhado com meu pai, o velho Zé Richa.
Fui com a certeza de que, na política, assim como na vida diária de cada um de nós, a conversa sempre é bem-vinda. E sempre dialoguei com todos.
Muito bem recebido na sede do PL, fui convidado a me filiar ao partido. Em seguida, fui gentilmente recebido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Novamente pensei no sonho que tive com meu pai: a inércia é inimiga da política.
Não sou político iniciante. Sabia que qualquer passo que eu desse romperia o quadro de inércia que toma conta do panorama regional. E foi isso que fiz.
Procurei a direção nacional do PSDB logo na sequência. A reação, como esperado, foi impactante. Uma semana antes o partido havia dado uma carta de anuência ao deputado Carlos Sampaio, para sair do PSDB sem o risco de perder o mandato.
Mas no meu caso foi diferente. Recebi apelos para permanecer no PSDB. Fui lembrado das batalhas políticas e eleitorais que juntos enfrentamos nas últimas décadas.
Parecia óbvio, para meus amigos da direção do partido, que a minha saída poderia estimular outros filiados a fazer o mesmo. Prevaleceu o peso do compromisso com o PSDB, um partido que mudou o Brasil para muito melhor.
Ao adotar essa postura, o PSDB pratica a boa política, que faz uso de argumentos para o exercício de convencimentos.
O PSDB voltou ao noticiário nacional, e passou novamente a ter papel de relevância no tabuleiro político.
É nas crises que se aprende e que se reúne forças. Eu senti na carne e na alma isso. Fui massacrado por radicais com argumentos infundados, mas não desisti, e não desisto nunca.
Enfim, o velho Richa tinha razão. Política é movimento, seja no avanço ou no recuo.
Deputado federal Beto Richa
Pré-candidato a prefeito de Curitiba”
Revista Oeste, com informações da Agência Estado
“Desistiu”. Foi desistido.
Xô, Beto Richa! Bolsonaro tem que olhar com quem quer andar.
Ele foi é muito rejeitado, e não sei como o presidente o chamou para conversar. A nota de esclarecimento público deveria esclarecer o processo de corrupção e não jogo político. Triste ainda ve-lo envocando o nome do seu pai, que foi um bom político.