Parlamentares acreditam que, tão logo o Judiciário retome a celeridade natural, terão a sonhada vitória no TSE. Saída do PSL, contudo, traz incertezas sobre os rumos a seguir até a criação do Aliança
O esforço dos deputados bolsonaristas do PSL em criar o Aliança pelo Brasil ainda em 2020, como mostrou Oeste, é igualmente proporcional às articulações judiciais pelos pedidos de desfiliação. A expectativa é que, ainda no segundo semestre, consigam no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sentença favorável para deixar a legenda com o mandato em mãos.
Ao contrário de senadores, deputados federais, eleitos pelo sistema majoritário, os deputados são eleitos pelo sistema proporcional. Por esse motivo, o partido é “dono” de seus mandatos. Para conseguir a desfiliação do PSL e manter o mandato, 26 deputados bolsonaristas aguardam a decisão do ministro Edson Fachin, do TSE, relator da matéria.
O magistrado propôs, ao fim de março, um acordo para que os deputados permanecessem no PSL. O advogado dos bolsonaristas, Admar Gonzaga, secretário-geral da comissão provisória do Aliança pelo Brasil, se manifestou no processo com alguns pré-requisitos. Entre eles, a exigência de um programa de compliance. A Executiva Nacional do PSL não demonstrou interesse e o processo segue em tramitação.
Perseguição
A expectativa é que o processo avance tão logo as atividades do Judiciário retomem a celeridade natural. “Voltando as atividades do Judiciário, acreditamos que esteja tudo certo em um ou dois meses”, sustenta o deputado federal Filipe Barros (PSL-PR). Para o parlamentar, as provas que embasam a narrativa de perseguição são contundentes.
A defesa feita por Gonzaga sustenta que os parlamentares foram destituídos dos diretórios estaduais, perderam funções na Câmara e são impedidos até de participarem de reuniões da bancada. “A (líder do PSL) Joice (Hasselmann) nos proibiu de entrar na própria liderança do partido. Tudo isso está muito bem documentado”, destaca Barros.
Futuro
O futuro dos deputados bolsonaristas ainda é incerto. Não há consenso entre eles sobre o que fazer caso consigam a desfiliação partidária. São duas as opções em debate entre os parlamentares. Uma delas é aguardar a criação do Aliança. A outra é se filiar a um partido existente.
O Republicanos é uma das legendas bem cotadas por bolsonaristas, a exemplo do senador Flávio Bolsonaro (RJ), ex-PSL, que se filiou ao partido no aguardo da criação do Aliança. Uma opção que deve ser acolhida caso a vitória no TSE venha. “Alguns parlamentares certamente vão procurar outros partidos até o processo de fundação do Aliança”, pondera Barros.
Incertezas
A filiação ao Republicanos ou a qualquer outra legenda traz iguais incertezas para a composição da base do Aliança. Se isso acontecer, os bolsonaristas filiados em partidos “barrigas de aluguel” teriam que aguardar a janela partidária de março de 2022 para migrar ao Aliança.
Outros, contudo, vão aguardar. Caso do próprio Barros. “No meu caso específico, tendo a ficar sem partido até a criação do Aliança. Tem prazos para sair do partido, é a tal da infidelidade partidária. Quero evitar isso”, justifica.