Após menção sobre ‘entendimento’ entre poderes, Bolsonaro nomeia o professor Carlos Alberto Decotelli à revelia da militância bolsonarista ‘raiz’
Não demorou muito para o presidente Jair Bolsonaro colocar em prática o “entendimento” entre poderes. Quando ele fez sinais de pacificação aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, ele já tinha em mente a escolha do sucessor para o Ministério da Educação.
A escolha do professor Carlos Alberto Decotelli para o Ministério da Educação foi pessoal. Contou com o aconselhamento de alguns de seus ministros e amigos mais próximos, a exemplo de Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e de Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo. A palavra final, entretanto, foi dele.
Toda escolha é, de fato, sempre pessoal do presidente da República. Em outras ocasiões, contudo, Bolsonaro foi generoso em acolher com muito carinho sugestões feitas. Foi assim no próprio Ministério da Educação. Tanto quando escolheu Ricardo Vélez, o primeiro ministro, e Weintraub.
Nas duas ocasiões, Bolsonaro consultou sua base de apoio mais direta e ideológica, a militância “bolsonarista raiz”. Desta vez, Oeste apurou que essa mesma militância sequer foi ouvida. “Decotelli não estava sequer no nosso radar”, afirma um aliado do Congresso.
-Informo a nomeação do Professor Carlos Alberto Decotelli da Silva para o cargo de @MEC_Comunicacao .
-Decotelli é bacharel em Ciências Econômicas pela UERJ, Mestre pela FGV, Doutor pela Universidade de Rosário, Argentina e Pós-Doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha. pic.twitter.com/namGi2rEh0
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) June 25, 2020
Pacificação
Outro aliado escutado pela reportagem confirma que o nome do novo ministro da Educação não figurava nos círculos e grupos diretamente ou indiretamente mais próximos da militância. A leitura feita por aliados bolsonaristas, então, é de que o presidente busca a pacificação entre poderes.
“Sabendo que ele não é um conservador conhecido por nós, não estava nem no radar, eu acho que o presidente procurou um técnico identificado com o perfil do governo, mas com uma linha mais descolada de Weintraub, que possa transitar entre os poderes. Um cara pós-graduado, pós-doutorando, escritor, reconhecido pela academia”, ponderou outro aliado.
Status quo
A escolha de Decotelli não surpreende o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ). Deputado da base de apoio de Bolsonaro, ele defendia um ministro com capacidade de desmontar o fisiologismo construído dentro da Educação, mas sem fazer disso a bandeira principal.
“Nós precisamos de alguém com a mesma capacidade e coragem de mexer no status quo da esquerda dentro do Ministério da Educação, mas, de forma silenciosa, sem fazer disso uma bandeira, sem necessidade de publicidade. Por quê? Porque a gente precisa, agora, de um novo momento do governo, aonde o governo procura o caminho pacificador”, destaca.
Establishment
O caminho pacificador citado por Otoni, contudo, não se trata de uma covardia, adianta o parlamentar. “O presidente Bolsonaro precisa criar o clima para o país entregar a nós brasileiros aquilo que ele prometeu. E só vai conseguir isso tendo paz”, sustenta.
O parlamentar reconhece, entretanto, que não será uma paz fácil de ser obtida. “Não é a paz que o establishment vai nos oferecer, porque isso não vai nos oferecer nunca. Mas o que pudermos evitar de ruído que se torne em arma na mão deles, melhor. Portanto, que o ruído seja deles, o ataque seja deles, e que nós, inteligentemente, não partamos para a guerrilha. Neste combate que deve acontecer, mas com inteligência, com sagacidade”, explica.
Fica clara a posição do governo nas últimas ações, e também no que disse Otoni de Paula. Creio que esse deve ser o caminho. O enfrentamento agrada a ala mais radical do governo, mas para aqueles que querem mudanças profundas. Entendo que esse é o caminho, vide MP do Flamengo.
Tem cheiro, gosto e pinta de covardia. O que é?
Tomara que seja um bom nome. Agora, essa tal pacificação obtida ao custo da servidão não é bem a que queremos. A cada vez que aperta o Flávio, o Jair cede um pouco. Descobriram o caminho das pedras.
Para que haja pacificação, TODOS os poderes têm de ceder, não apenas um. Tenho visto o executivo ser atacado por todos os flancos. O viés de esquerda não pode ser a tônica dominante, nesta relação.
Pacificação real só vai existir quando aqueles que invadem a competência dos outros poderes perderem os cargos.
Vocês sabem quem
Tenho duvidas sobre essa afirmação. A questão é, o que é a militancia bolsonarista? General Heleno está fora? Muitos defensores ferrenhos do Presidente
são contra essa indicação? Acho que não. É a melhor ? Não sei , e isso só o tempo dirrá. O fato é que vivemos dias dificeis, com ataques ao governo vindo de todas os lados. Vamos esfriar um pouco a cabeça e ver que há necessidade de uma certa calma na area politica. Isso em termos ideologicos pode ter um preço, mas na minha opinião ele será pequeno se: primeiro, criarmos condiçoes para uma razoavel reforma tributária eoutras medidas na area economica; terceiro, formar uma base parlementar que de mais tranquilidade ao governo e maior campo de açao e articulaçao. Por ultimo, mas não menos importante terminar o ano sem nenhum solavanco. Assim um tom mais conciliador , mais dialogo etc é no momento muito importante para o governo e para todos apoiam o governo.
A militância “bolsonarista raiz” ficou de fora da consulta!
Que ótimo,agora vai dar certo
Os trechos “à revelia da militância bolsonarista raiz” sob o título e “mais direta e ideológica, a militância bolsonarista raiz” no quarto parágrafo são perfeitamente dispensáveis. Aliás, o quarto parágrafo é inteiramente dispensável.
Além disso, no trecho “quando escolheu Ricardo Vélez, o primeiro ministro… ” ficaria BEM MELHOR se você tivesse escrito “o primeiro dos (três) ministros”.
De resto, um bom artigo.