Apontada pela investigação como mandante do assassinato do pastor Anderson do Carmo, a deputada não teve prisão decretada devido à imunidade parlamentar
Apontada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro como a mandante do assassinato do pastor Anderson do Carmo, a deputada federal Flordelis (PSD-RJ) depende do aval da Câmara dos Deputados para ser presa. Por dispor de imunidade parlamentar, a deputada não pôde ter a prisão decretada pela Justiça.
Nesta segunda-feira, 24, a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) prenderam nove pessoas pelo envolvimento na morte de Anderson, que era marido de Flordelis. Ele foi executado com mais de 30 tiros em 16 de junho de 2019.
Logo após a operação policial, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que o Ministério Público não chegou a pedir ao Judiciário a prisão da deputada.
“O MP não pediu ao Judiciário essa parte [prisão], mas toda outra [mandados de busca e apreensão] foi feita lá embaixo [na primeira instância], até porque é um crime que não tem nenhuma relação com o mandato”, disse Maia à Rádio Guaíba.
Conforme Oeste apurou, até o momento não há nenhum tipo de processo de apuração ou cassação de Flordelis na Comissão de Ética da Câmara. “Nada foi protocolado ainda. Se houver, vamos procurar o presidente da Casa [Rodrigo Maia] para que possamos deliberar, mesmo que seja de forma remota”, afirmou o vice-presidente do colegiado, o deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP).
O PSD suspendeu as atividades parlamentares de Flordelis. Além disso, o presidente da sigla, Gilberto Kassab, prepara a expulsão da deputada.
Investigação
Responsável pela investigação, o delegado Alan Duarte afirmou que o caso da deputada foi encaminhado para deliberação do Tribunal Superior. “Sabemos que o parlamentar tem sua imunidade e ele só pode ser preso em flagrante por crime inafiançável. Então, ela responderá pelo crime também, como mandante, e nós requeremos também algumas medidas cautelares”, disse.
De acordo com a polícia, antes do assassinato a tiros, Flordelis tentou envenenar o marido pelo menos quatro vezes. O inquérito concluiu que Anderson foi morto por questões financeiras e poder na família.
“A investigação demostrou que toda aquela imagem altruísta e de decência era apenas um enredo para alcançar a posição financeira e política. Depois que ela alcançou esse objetivo principal de chegar à Câmara dos Deputados, ela colocou em prática esse plano criminoso intrafamiliar”, afirmou o delegado Alan Duarte.
A deputada vai responder por cinco crimes: homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima), associação criminosa, falsidade ideológica e uso de documento falso. Pelo envenenamento, ela responderá por tentativa de homicídio.
De acordo com a determinação da juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, a deputada não pode se ausentar do país sem autorização judicial ou transferir sua residência para outra cidade. Ainda segundo a magistrada, Flordelis está proibida de manter contato com qualquer testemunha ou com os outros réus.
Outro lado
“A defesa foi surpreendida com essas prisões preventivas das cinco filhas da deputada e da neta. Tomaremos conhecimento do que há de indícios para que essas prisões fossem feitas e para o indiciamento da deputada, já que, na primeira fase da investigação, passou longe de qualquer prova que a apontasse como mandante”, afirmou Anderson Rollemberg, advogado de Flordelis.
Os semelhantes se protegem. Simples assim.
Onde estão os conservadores que ainda não entraram com pedido de cassação?
Com dois presidentes corruptos, não poderia ser diferente. O Congresso é um antro de bandidos, poucos se salvam. TUDO NORMAL!